No depoimento prestado ao longo da manhaã desta terça (1) à CPI da Covid, médica Nise Yamaguchi, tentou se desassociar do presidente Jair Bolsonaro. Questionada pelos senadores sobre os encontros com chefe do Executivo e com o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, Nise negou ter participado de reuniões “a sós” com Bolsonaro e outros integrantes da pasta para tratar, por exemplo, do chamado “tratamento precoce”.
Conhecida como “Doutura Cloroquina” em Brasília, Nise foi apontada pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e pelo diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, como integrante de um “gabinete paralelo” de aconselhamento do governo na gestão da pandemia de covid-19.
Ao ser questionada sobre quantos encontros teve com Bolsonaro, a médica se contradisse várias vezes. Ela chegou a dizer que teve quatro encontros, depois afirmou que não se lembrava, ou que nunca conversou com Bolsonaro sobre a imunidade de rebanho, por exemplo. Nise também revelou que teve uma passagem aérea paga pelo Ministério da Saúde para uma reunião com técnicos da pasta.
Ela se opôs a opinar sobre as falas do presidente contra a vacinação da população mostrada em vídeos pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). “Não estou aqui para defender um governo, estou aqui para defender o povo brasileiros”, disse.
Apesar de continuar defendendo o uso do tratamento precoce – cientificamente ineficaz contra a covid- , Nise diz que não aconselhava o presidente nesses aspectos.
As respostas da médica irritaram alguns senadores e geraram bate-boca. Considerando prolixas e contraditórias as respostas de Nise, alguns parlamentares consideraram encerrar a sessão e reconvocar a médica como testemunha ou investigada. No depoimento desta terça ela está como convidada. Após conversa entre os parlamentares, a mudança foi descartada.
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