Na tarde desta quinta-feira (1), o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) concedeu entrevista coletiva em sua casa no Rio de Janeiro, em que comentou a nomeação do juiz Sérgio Moro para o superministério da Justiça. Entre uma ou outra informação sobre a formação do governo e pautas do Congresso Nacional, o capitão da reserva voltou a fazer uso do jargão militar e disparou:
“Moro é um soldado que vai para guerra sem medo de morrer.”
Segundo o presidente eleito, o juiz responsável pela Operação Lava Jato queria expor algumas condições para assumir o ministério, como total liberdade para combater a corrupção e o crime organizado. Todas as condições foram aceitas, garantiu o deputado do PSL.
Veja a íntegra da entrevista no vídeo:
Bolsonaro disse ainda que apoia a reforma da Previdência que “dá para ser aprovada pelo Congresso”. A equipe econômica do militar, comandada por Paulo Guedes, quer aprovar algumas partes das mudanças na aposentadoria ainda neste ano, tarefa difícil neste governo.
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Ele disse também ter dado “carta branca” para Guedes nomear os principais cargos da economia, como manter Ilan Goldfajn no comando do Banco Central.
O presidente eleito disse ainda que quer fazer “comércio com o mundo todo sem viés ideológico” e que na semana que vem vai receber o embaixador da China.
Imprensa barrada
Foi a primeira entrevista coletiva de Bolsonaro como presidente eleito. E, a julgar pelo que foi noticiado por sites e jornais, já houve problemas de acesso.
Segundo informações do site do jornal O Estado de S. Paulo, uma lista controlada por uma policial federal na porta do condomínio em que Bolsonaro mora, só foi permitida a entrada de emissoras de TV (à exceção da TV Brasil), algumas rádios e dois sites.
“O Estado, a Folha de S.Paulo, O Globo e as agências internacionais não puderam passar da guarita do condomínio”, informa a reportagem.
“O credenciamento foi feito pelo assessor Tercio Arnaud Tomaz, funcionário da campanha de Bolsonaro, mas lotado no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (PSC), na Câmara do Rio, com o salário de R$ 3.641. Carlos está licenciado do parlamento desde agosto deste ano. Por mensagens pelo Whatsapp, Tercio respondeu aos jornalistas dos veículos barrados que eles não poderiam entrar ‘por questões de espaço'”, acrescenta o jornal.
Ministérios
O presidente eleito quer reduzir o número de ministérios para um patamar de 15 a 17 pastas. Já foram anunciados três superministérios: da Economia, que vai contar com as estruturas da Fazenda, Planejamento e Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC); o da Justiça, que reunirá Justiça, Segurança Pública e Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf); e o da Defesa – já que, segundo Bolsonaro “as Forças Armadas não vão ficar em segundo plano, como foi feito durante os governos FHC [Fernando Henrique Cardoso] e PT”.
A fusão dos ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura é alvo de críticas tanto dos ruralistas quanto dos ambientalistas. Até por isso, Bolsonaro pode recuar da decisão e não juntar as pastas.
“Só que quem vai indicar o ministro do Meio Ambiente vai ser o Jair Bolsonaro. E não vai ser ninguém xiita”, disse o deputado, em referência a gestores que diz considerar inflexíveis.
O presidente eleito disse ainda que vai viajar a Brasília na próxima terça-feira (6) para tratar da transição do governo. Uma sessão solene para celebrar os 30 anos de Constituição reunirá Câmara e Senado no mesmo dia. A presença de Bolsonaro já foi anunciada.
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