Confirmado nas pastas da Justiça e da Segurança Pública, o futuro superministro Sérgio Moro concedeu entrevista na tarde de hoje (6) em Curitiba para falar sobre a decisão de largar a magistratura e o comando da Operação Lava Jato, na 13ª Vara Federal de Curitiba, e ir para o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
Durante a entrevista (vídeo abaixo), Moro disse que o processo do ex-presidente Lula não teve qualquer relação com a sua decisão de ir para o governo. O juiz recebeu muitas críticas por ter aceitado o convite de Bolsonaro na última quinta-feira (1).
“Não posso pautar a minha vida com base na fantasia de um álibi falso de perseguição política”, disse Moro.
O futuro ministro disse ainda que “não existe a menor chance de utilização do ministério para perseguição política. Não foi feito isso durante a Lava Jato”.
>> “Moro é soldado que vai para guerra sem medo de morrer”, diz Bolsonaro
Leia também
Segundo o juiz, Lula foi preso porque cometeu um crime e foi julgado por isso. “O que houve aqui é uma pessoa que lamentavelmente cometeu um crime, esse crime foi investigado, provado e ela responde na justiça por esse crime”.
PublicidadeVeja a entrevista:
Ontem (segunda, 5), a defesa de Lula entrou com um pedido de soltura do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF), usando como base o fato de Moro ter aceitado o convite para ser ministro da Justiça. De acordo com a defesa, Moro foi parcial ao longo da análise do processo do triplex, que condenou Lula a 12 anos de prisão.
Ao aceitar o convite do presidente eleito, porém, Moro sofreu críticas por parte de juristas e da sociedade civil, principalmente por dar munições ao discurso de que suas decisões foram tomadas com outras motivações. Ele é criticado, por exemplo, por ter quebrado o sigilo da delação de Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda de Lula, uma semana antes do primeiro turno.
>> Moro será superministro da Justiça e promete “agenda anticorrupção”, mas não escapa de críticas
Convite
Moro disse que o futuro ministro da Economia Paulo Guedes ligou para ele no dia 23 de outubro, uma semana antes do segundo turno das eleições, para sondar seu interesse em compor o futuro governo, em caso de vitória do candidato do PSL. Segundo o juiz, ele foi “surpreendido” pelo convite para comandar o ministério da Justiça.
Combate à corrupção
O futuro ministro disse que o Brasil tinha uma tradição de impunidade, que vem sendo quebrada graças à Operação Lava Jato. Ao aceitar o convite de Bolsonaro, Moro disse que quer implantar no governo federal uma “forte agenda anticorrupção” e que vai aproveitar as 10 medidas contra corrupção, encaminhadas pelo Ministério Público.
“A ideia é apresentar uma série de propostas legislativas para aprimorar o quadro legal contra a corrupção e o crime organizado.”
>> Moro diz que será um técnico no ministério: “Não me vejo como um político verdadeiro”
>> “Moro é soldado que vai para guerra sem medo de morrer”, diz Bolsonaro