O governo federal oficializou, nesta quarta-feira (12), a demissão de Neri Geller da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. A demissão decorre da anulação do leilão de arroz em meio a suspeitas de conflito de interesse. Inicialmente, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, havia anunciado que Geller sairia por vontade própria, em meio às suspeitas de irregularidades na compra do produto. No entanto, o ex-secretário negou ter solicitado sua demissão, revelando que não havia discutido o assunto com Fávaro.
A exoneração de Geller, publicada no Diário Oficial da União, indica que a decisão partiu do governo. As suspeitas de conflito de interesse incluem a nomeação de Thiago dos Santos, indicado por Geller, como diretor de Abastecimento da Conab, além da ligação entre a Foco Corretora de Grãos e o ex-assessor parlamentar de Geller, Robson Almeida de França, que é sócio de Marcello Geller, filho do ex-secretário.
Antes de sua demissão, Fávaro compartilhou os argumentos de Geller, destacando que o filho dele estabeleceu parceria com a corretora quando Geller ainda não ocupava o cargo na Secretaria de Política Agrícola.
Além disso, há suspeitas de irregularidades no próprio processo de compra de arroz, com empresas sem experiência no mercado sendo as principais arrematadoras dos lotes. Essa situação levou à decisão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de anular o processo de compra e realizar um novo leilão, buscando empresas mais qualificadas e aptas a fornecer o produto.
“Fragilidades”
O governo decidiu anular o leilão realizado em 6 de maio e cancelou a compra das 263,3 mil toneladas de arroz que seriam importadas para o país.
Segundo Fávaro, a avaliação do governo é que, do conjunto das empresas vencedoras do leilão, uma maioria tem “fragilidades”, ou seja, “não tem capacidade financeira de operar um volume financeiro desse tamanho”. As mais de 260 mil toneladas de arroz arrematadas correspondem a 87% das 300 mil toneladas autorizadas pelo governo nesta primeira operação. No total, mais de R$ 7 bilhões foram liberados para a compra de até 1 milhão de toneladas.
“A gente tem que conhecer a capacidade [das empresas], é dinheiro público e que tem que ser tratado com a maior responsabilidade”, disse Fávaro, explicando que nenhum recurso chegou a ser transferido na operação.
As empresas participam do leilão representadas por corretoras em Bolsas de Mercadorias e Cereais e só são conhecidas após o certame. Um novo edital será publicado, com mudanças nos mecanismos de transparência e segurança jurídica, mas ainda não há data para o novo leilão. (Com informações da Agência Brasil)