As manifestações que pedirão o impeachment do presidente Jair Bolsonaro em diversas cidades do país no próximo sábado (2/10) terão seu tamanho real conhecidos a partir desta segunda-feira (27), quando a primeira parcial de cidades participantes será confirmada.
Dois organizadores da manifestações confirmaram ao Congresso em Foco que ainda dependem destes números para avaliar como deverá ser o ato – que, ao contrário da realizada em 12 de setembro, será comandada por movimentos à esquerda do espectro político.
Enquanto os protestos realizados em 12 de setembro capitaneados pelo Movimento Brasil Livre (MBL) tiveram adesão abaixo da esperada, a expectativa dos organizadores é que a manifestação de 2 de outubro seja maior que as anteriores realizadas por grupos de esquerda, que ocorreram entre maio e julho deste ano. No início do mês, PT, PCdoB, PSol, PDT, PSB, PV, Rede, Cidadania e Solidariedade anunciaram que estariam presentes em bloco na pauta. Ao menos dez centrais sindicais também devem comparecer ao ato.
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Mesmo assim, “a adesão ainda é uma incógnita”, revelou José Moroni, que é o coordenador nacional da campanha “Fora Bolsonaro”, que articula a manifestação contra o presidente desde 2019.
É certo, no entanto, que o espectro de descontentes a Bolsonaro cresceu. “Essa manifestação deste dia dois vai tentar refletir um pouco dessa amplitude do ‘Fora Bolsonaro'”, disse Moroni. “Na adesão de partidos que não estavam no movimento original…mas também estamos em outra conjuntura política”, reconhece, creditando ao recuo de Bolsonaro visto nas últimas semanas como um freio ao ímpeto de manifestação de setores historicamente mais próximos à agenda do governo e que hoje se mostram arrependidos ou decepcionados. “Há um certo clima de ‘vamos ver o que ele pode fazer’.”
Moroni acredita que os atos deverão estar presentes não apenas em capitais (como foi a estratégia dos primeiros atos), como também em polos regionais. “Vai ter uma capilaridade maior que as outras manifestações, com certeza, analisou.
PublicidadeUm dos motivos para o fracasso dos atos antibolsonaristas, agendados com antecedência e movimentados em bases de apoio do MBL e de movimentos de rua, foi justamente a dificuldade de conexão com grupos semelhantes à esquerda do espectro político. Pouco menos de uma semana antes dos atos – que reuniu alguns milhares de pessoas na avenida Paulista, em sua maior ação – o discurso “nem Lula nem Bolsonaro” irritou parte da esquerda que, considerando o MBL e congêneres como parte do problema, resolveu não se aliar.
Moroni enxerga que a manobra dos organizadores de focar exclusivamente no impeachment do presidente ocorreu tarde demais. Mesmo que alguns partidos de esquerda ou centro-esquerda como PCdoB, Rede e PDT tivessem comparecido ao ato, o resultado não fez sombra às manifestações bolsonaristas.
Estes grupos, antes aliados da pauta governista, também seriam bem-vindos na manifestação comandada pela esquerda? Segundo seus organizadores, não. “O que nós temos enquanto à campanha é que não vamos colocar catraca e exigir atestado ideológico de ninguém”, pontua o coordenador nacional, “todos os grupos que são fora Bolsonaro que estão no grupo democrático – e este recorte democrático é importante – são bem-vindos nesta manifestação de dois de outubro.”
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