O presidente Lula e o presidente da China, Xi Jinping, deram declaração conjunta à imprensa, nesta quarta-feira (20), após reunião entre as autoridades no Palácio do Planalto. O chefe do Executivo brasileiro, além de destacar os 50 anos das relações Brasil-China, anunciou sinergias de desenvolvimento entre as nações em programas do governo e em outras áreas, rumo a “um mundo justo e um planeta sustentável”, e a assinatura de quase 40 atos.
O presidente chinês, por sua vez, ressaltou a proximidade entre os países como figuras de liderança do Sul-Global e com afinidades políticas em questões como o fim da guerra na Palestina.
A agenda dos chefes do Executivo começou mais cedo, às 10h, com cerimônia oficial de chegada do mandatário chinês. Ainda hoje, Lula e Xi Jinping almoçam no Alvorada e, à noite, está previsto um jantar entre as comitivas, no Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.
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“Nos reunimos nessa ocasião para celebrar o cinquentenário do estabelecimento de relações diplomáticas. Há meio século, Brasil e China cultivam uma amizade estratégica, baseada em interesses compartilhados e visão de mundo próximas”, iniciou Lula.
O chefe do Executivo também relembrou que os frutos da parceria entre os países se intensificaram desde 2009, quando a China passou a ser o maior parceiro comercial do Brasil. Ainda de acordo com Lula, em 2023 o comércio bilateral atingiu o valor recorde de 157 bilhões de dólares. Além disso, desde 2017, o Brasil é o maior fornecedor de alimentos para China, por meio do agronegócio.
“Esta visita de Estado reforça a ambição e renova o pioneirismo do nosso relacionamento. O presidente Xi e eu decidimos elevar a parceria estratégica ao patamar de comunidade de futuro compartilhado por um mundo mais justo e um planeta sustentável. Estamos determinados a alicerçar nossa cooperação em áreas como infraestrutura sustentável, transição energética, inteligência artificial, economia digital, saúde e aeroespacial”, acrescentou o presidente.
Lula ainda anunciou a assinatura de quase 40 atos entre os países e a sinergia entre as nações em programas do governo. Os atos foram assinados em áreas como comércio, agricultura, indústria, investimentos, ciência e tecnologia, comunicações, saúde, energia, cultura, educação e turismo. Já os programas contemplados pela parceria são o Nova Indústria Brasil, Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), Rotas de Integração Sul-Americana, Plano de Transformação Ecológica e a Iniciativa Cinturão e Rota. Projetos prioritários, neste contexto, deverão ser enviados em até dois meses para dar concretude às parcerias.
Em seu discurso, Xi Jinping afirmou que o relacionamento entre os países “está no melhor momento da história”. Ele acrescentou ainda que estabelecem exemplo de “união e autofortalecimento” dos países do Sul Global. “China e Brasil devem assumir proativamente a grande responsabilidade histórica de salvaguardar os interesses comuns dos países do Sul Global e promover uma ordem internacional mais justa e equitativa”, argumentou.
“No momento, o mundo está longe de ser tranquilo, com várias regiões sofrendo com guerras”, iniciou Xi Jinping. “A situação humanitária na Faixa de Gaza está se deteriorando, e a segurança regional gravemente impactada. A comunidade internacional tem que fazer maior empenho. É preciso focar na Palestina, apelamos por cessar-fogo imediato, existência humanitária garantida, implementação da solução de dois Estados. Tanto a China quanto o Brasil tem tradição e responsabilidade de preconizar a justiça e a moral”.
O encontro entre as autoridades acontece um dia após o encerramento da Cúpula do G20, no Rio de Janeiro. O evento reuniu o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o presidente argentino, Javier Milei, o presidente francês Emannuel Macron, a presidente do México, Claudia Shainbaum, entre outros.
Usualmente, os chefes de governo e de estado de outros países visitam as sedes dos Três Poderes quando vêm a Brasília em visita oficial. Os planos são diferentes desta vez porque os outros Poderes não estarão funcionando normalmente, com o feriado nacional do Dia da Consciência Negra.
As relações diplomáticas entre Brasil e China completam 50 anos em 2024. Hoje, o país asiático é o maior parceiro comercial do Brasil, em importações e exportações.