A 24 dias da posse presidencial, o ministério do terceiro governo Lula começa a ganhar feição. O presidente eleito da República, Lula (PT), deve divulgar na manhã desta sexta-feira (9), em Brasília, os primeiros nomes de seus assessores diretos. A expectativa é de que ao menos três ministros sejam anunciados: Fernando Haddad (Fazenda), José Múcio (Defesa) e Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública).
Outros cinco nomes também são dados como certos: Rui Costa (Casa Civil), Marco Aurélio Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), Jorge Rodrigo Araújo Messias (Advocacia-Geral da União), Simone Tebet (Cidadania, ou Desenvolvimento Social) e Izolda Cela (Educação). Mas não há certeza se essas indicações serão confirmadas nesta sexta-feira.
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A confirmação de que os primeiros nomes serão divulgados amanhã foi feita pela presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), após reunião do diretório nacional do partido no início desta tarde. “Ele acha que tem muita especulação. Então, aquilo que ele já tem certeza, que está certo, ele está querendo divulgar amanhã”, disse Gleisi.
A deputada afirmou que não sabe quais nomes serão confirmados por Lula. “Não falou [quais áreas]. Deixamos para conversar agora no final da tarde para acertar isso. Eu acho que os que são mais evidentes, talvez Defesa também, que é importante”, disse.
Lula projeta um ministério com pouco mais de 30 pastas. Ou seja, ainda há mais de 20 peças a serem definidas e movimentadas no tabuleiro. Decisões essas que passam pela acomodação dos partidos políticos e de personagens do próprio PT.
PublicidadeDois dos principais coordenadores da equipe de transição, Gleisi Hoffmann e o ex-senador Aloizio Mercadante (PT) não deverão ser ministros. Cresceram nesta semana as chances de Mercadante, antes cotado para o Itamaraty, virar assessor especial de Lula, uma espécie de conselheiro direto do presidente da República, com assento no Palácio do Planalto.
A permanência na Câmara de Gleisi, inicialmente cotada para o ministério, já está sacramentada. Lula enxerga duas vantagens na presença dela na Casa. Para ele, a ida da paranaense para um ministério poderia abrir uma disputa interna pelo controle do PT com o seu afastamento da presidência do partido, o que poderia trazer forte desgaste para o governo.
Ele avalia, ainda, que Gleisi poderá ser mais útil na Câmara, cuidando da articulação política, do que em algum ministério. O presidente eleito ainda busca alianças com partidos que não apoiaram sua eleição para constituir uma base parlamentar.
Entre os nomes dados como certos para compor o governo, estão aliados considerados extremamente importantes pelo futuro presidente para sua eleição.
É o caso, por exemplo, da senadora Simone Tebet (MDB-MS). Terceira colocada no primeiro turno da disputa presidencial, Tebet mergulhou fundo na campanha do segundo turno de Lula e atraiu um eleitorado mais conservador que resistia a apoiar o petista.
A emedebista, que está de saída do Senado, integra o grupo de trabalho de desenvolvimento social no governo de transição. Ela é a grande favorita para assumir a pasta que tratará do assunto, Cidadania ou Desenvolvimento Social. O PT, no entanto, resiste a entregar o comando do Bolsa Família à emedebista. Uma das saídas estudadas pelo presidente é manter o programa dentro da pasta, mas vinculado a uma secretaria que seria gerida por algum petista. Uma outra possibilidade cogitada é retirar do Desenvolvimento Social os programas de segurança alimentar associando-os aos programas de fomente à agricultura familiar. Seria criado, então, um Ministério do Desenvolvimento Agrário e Combate à Fome. Nessa hipótese, o nome cogitado é a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza Campello, do PT.
Conselheiro e amigo próximo
O advogado Marco Aurélio Carvalho, cotado para a Secretaria-Geral da Presidência, virou um conselheiro e um amigo próximo de Lula desde sua prisão. Ele é coordenador do grupo Prerrogativas, de advogados que atuaram na linha de frente contra a Operação Lava Jato. Ligado ao núcleo jurídico do PT, o advogado de 45 anos foi uma das principais pontes na aproximação de Lula e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB). Foi o seu grupo que promoveu o jantar que selou publicamente a aliança entre o petista e o ex-tucano.
Lula ainda estuda que papel a ex-ministra Marina Silva (Rede) terá em seu governo. Os dois se reconciliaram no primeiro turno depois de um rompimento que durou mais de dez anos. Principal referência brasileira em assuntos ambientais para o mundo, Marina era cotada para assumir a Autoridade Climática, novo órgão inicialmente com status de ministério para cuidar das discussões sobre clima.
A deputada recém-eleita por São Paulo declarou na semana passada que não tem perfil para o cargo, considerado por ela muito técnico. Voltou a crescer, então, o burburinho de que ela poderá voltar ao Ministério do Meio Ambiente, pasta que comandou nos dois governos Lula. Outra hipótese aventada seria a permanência de Marina no Congresso.
A bancada ambientalista estará menor na próxima legislatura e sem algumas das principais lideranças da atual, como o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP). Com isso, ela poderia assumir o protagonismo da pauta socioambiental na Casa. Por enquanto, no entanto, ainda não há definição sobre o futuro de Marina Silva.