O presidente Lula (PT) realizou na manhã desta terça-feira (23) um café da manhã para jornalistas que cobrem o Palácio do Planalto. A atividade é a primeira desde ano. Lula falou sobre economia, e ainda afirmou que há tranquilidade na relação com o Congresso Nacional, apesar das turbulências públicas com as Casas.
“O problema no Brasil é que tudo é visto como gasto. Colocar dinheiro na educação é gasto, investir em saúde é gasto. Só superávit primário não é visto como gastos”, disse Lula. Ele ainda afirmou que “gosta mais do Brasil que o mercado”.
“Não sou movido pelo mercado”, afirmou.
Segundo o presidente, não há pressa para que seja feita a indicação do novo presidente do Banco Central. Campos Neto fica no mandato até o final do ano. “Para quem já aguentou Campos Neto até agora, até o final do ano não faz diferença”, afirmou.
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Nesta segunda-feira (22), Lula fez cobranças públicas para sua equipe em torno da necessidade de maior articulação com o Congresso Nacional, o sinal de alerta dentro do Palácio do Planalto já estava aceso, trazendo à tona um cenário nebuloso na economia, que causa preocupação ao presidente. Lula não é o único insatisfeito, mas sem dúvida é sobre ele que pesam as decisões. Aliados avaliam que cabe diretamente ao presidente amenizar as articulações estremecidas que podem trazer prejuízos ao seu governo.
A fim de acalmar o ânimo acirrado com o Congresso – especialmente com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que destravou projetos de interesse da oposição na última semana e atacou pessoalmente o secretário de relações institucionais do Planalto, Alexandre Padilha – Lula escalou diretamente o ministro da Economia, Fernando Haddad. Para Lula, Haddad precisa, “em vez de ler um livro, perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara”. Lula esteve com o presidente Arthur Lira no último domingo, para tentar amenizar as turbulências.
“Se eu fizesse uma reunião com o Lira e quisesse que a imprensa soubesse eu falaria para a imprensa. Foi uma conversa entre dois seres humanos e não sou obrigada a dizer o que conversei com Lira”, afirmou o presidente.
Os parlamentares estão descontentes e querem o recurso para as emendas. A gestão petista, no entanto, continua negociando para um retorno parcial das emendas, no valor de R$ 3,6 bilhões. A negociação está sendo realizada pelo líder do Governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PSD-MG). Apesar da posição do governo, até mesmo senadores governistas ouvidos pela reportagem já falam na retomada total do valor das emendas de comissão. Ainda assim, Lula se mostrou tranquilo.
“Não acho que tenhamos problemas com o Congresso”, disse o presidente aos jornalistas.
Segundo ele, “o governo está em um processo de tranquilidade com o Congresso”, e “todas as matérias serão aprovadas”.
“Eu digo sempre para todo mundo ouvir. Não é o presidente do Senado que precisa de mim, não é o presidente da Câmara que precisa de mim. Quem precisa deles é o governo, que precisa ter cuidado e manter a relação mais civilizada possível com a Câmara e o Senado”, afirmou ele, que disse que não vai optar pela “eterna briga”.
Pesquisas de opinião
Questionado por jornalistas sobre os índices de pesquisa eleitoral, Lula afirmou que “não se preocupa neste instante.