Em coletiva de imprensa na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta quarta-feira (25), o presidente Lula se pronunciou a respeito das críticas de movimentos de defesa do meio ambiente a respeito do aparente descompasso entre seu discurso na Assembleia-Geral e suas agendas em Nova York, que incluíram um encontro com o CEO da Shell, petroleira interessada em explorar poços no norte do país. O governante negou a contradição afirmou que o encontro foi necessário para a política energética brasileira a longo prazo.
“Eu não estou vendo nenhuma contradição. (…) [A Shell] é uma empresa que tem contribuído dentro da lógica das exigências da política energética do Brasil. Eu conversei com a empresa que tem investimentos no Brasil, que continua investindo no Brasil, é sócia da Petrobras em 60% dos poços leiloados e só vai para a Margem Equatorial quando o governo autorizar a Petrobras a fazer pesquisa na Margem Equatorial”, declarou.
A Margem Equatorial consiste no trecho marítimo brasileiro entre o norte do Rio Grande do Norte e todo o litoral do Amapá. A região rica em petróleo é palco de uma longa disputa entre a Petrobras, que busca a permissão para perfurar poços no local, e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), que teme os riscos de vazamentos em direção à Amazônia.
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O presidente defendeu que empreendimentos na extração de matéria-prima para fabricação de combustíveis fósseis não são incompatíveis com as ambições ambientais nacionais. “A gente vai utilizar o potencial de exploração de petróleo do Brasil para que a gente possa transformar a Petrobras em uma empresa de energia, e não em uma empresa de petróleo. Quando o petróleo acabar, a Petrobras tem que estar produzindo outras energias que o Brasil e o mundo precisam. Portanto, não vejo nenhuma contradição”, declarou.
O encontro com o CEO da Shell, de acordo com Lula, foi parte dos diálogos para construção dessa estratégia. “O Brasil é o único país que, há muito tempo, tem a possibilidade de você ter carro a etanol, gás e combustível fóssil. Quando você faz a mistura de 30% de biocombustível, e o combustível da Shell também recebe 30% de etanol, a gente está vendendo gasolina menos poluente do que o resto do mundo. E a mesma coisa para o biodiesel”, apontou Lula.
Além da questão do petróleo, o presidente foi criticado por ambientalistas sobre a oposição do governo à implementação do Regulamento Anti Desflorestamento da União Europeia (EUDR), que veda no continente europeu a importação de produtos oriundos do desmatamento posterior ao ano de 2020. Sobre esse ponto, porém, o chefe de governo não se pronunciou.
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