O presidente Lula compareceu em Brasília do encontro da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) nesta terça-feira (14). Diante da diretoria da frente e dos prefeitos das capitais estaduais, Lula criticou o tratamento dado pelos governos anteriores (Michel Temer e Jair Bolsonaro) aos programas de acesso à moradia iniciados no seu primeiro governo, em especial o Minha Casa, Minha Vida. O presidente estabeleceu como meta a retomada das obras que foram interrompidas desde o fim de seu último mandato.
De acordo com o presidente, sua equipe identificou 186 mil construções paralisadas de residências ao assumir o governo. “Casas ainda do tempo da Dilma, casas do tempo do Lula [2003-2010]. Casas que estavam para ficar prontas em 2015, e que foram simplesmente paralisadas”, relatou. Na avaliação do presidente, tanto a interrupção das obras na área de moradia quanto na educação se deu “por irresponsabilidade de quem governava”.
O presidente também afirma que a maioria das construções já tinha orçamento disponível para a execução, não havendo justificativa para as interrupções. “Imaginem vocês que agora eu estou viajando o Brasil para inaugurar casas que nós começamos a construir em 2003. E são muitas casas, ainda temos que construir o projeto de mais dois milhões de casas que nós queremos fazer daqui para frente”, anunciou.
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Lula ainda pediu aos prefeitos que ajudem no processo de retomada dos projetos do Minha Casa, Minha Vida. “Queria fazer um desafio aos prefeitos do Brasil e às prefeitas: se o prefeito puder fazer concessão dos terrenos, a gente pode fazer as casas muito mais baratas para o povo mais pobre desse país”. O mesmo pedido foi feito anteriormente ao prefeito Felipe Augusto, de São Sebastião (SP), para amparar a população atingida pelas enchentes.
Ele também afirmou ter acionado a ministra do Planejamento, Simone Tebet, para identificar terrenos e construções públicas federais abandonadas que possam servir de espaço para as novas obras de moradia. “Prédios nas capitais, casas, tudo o que estiver abandonado, para a gente utilizar e transformar em moradias decentes para as pessoas mais humildes deste país”, declarou.
Provocações a Bolsonaro
Além de criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo baixo desempenho na política de distribuição de moradia, Lula o provocou, sem citar o nome, ao tratar do sentimento de estar na presidência da República. Bolsonaro constantemente se dirigia aos apoiadores tratando o cargo como um fardo, constantemente afirmando que nenhum deles gostaria de estar “na cadeira” do presidente.
Do outro lado, Lula declarou de forma exaltada que “eu gosto de ser presidente, de estar lá e provar que é possível a gente fazer aquilo que a gente tem que fazer”. Também se pronunciou em defesa da classe política, constantemente atacada no discurso bolsonarista. “Eu gosto de político. (…) O político vai todo ano, a cada quatro anos, para a rua colocar o nome dele em julgamento, vai ser xingado, vai ser avacalhado. (…) Aprendi a gostar da política, a respeitar o político”.
Ele também atacou o discurso defendido por Bolsonaro e seus aliados próximos de que a gestão pública deve ser realizada por técnicos. “Eu prefiro um político competente do que um técnico. O político muitas vezes entende um pouco de tudo, e o técnico não entende de nada. O técnico tem que ter um chefe, e esse chefe é o político, que tem competência para saber orientar”, comparou.