O presidente Lula cobrou diretamente sua equipe ministerial para que aumentem sua presença no Congresso Nacional e articulem diretamente com deputados e senadores. A declaração ocorreu durante o lançamento do programa Acredita nesta segunda-feira (22), e é resultado de uma semana de complicações na relação entre o governo e a Câmara dos Deputados, onde avançaram itens contrários aos interesses do Executivo.
Durante a cerimônia, Lula ressaltou o fato de seu partido não possuir a maioria das cadeiras no Legislativo. “Isso significa que o [vice-presidente] Alckmin tem que ser mais ágil, tem que conversar mais; que o Haddad [Fazenda] tem que, ao invés de ler um livro, perder algumas horas conversando no Senado ou na Câmara. O Rui Costa [Casa Civil] gastar uma parte do tempo conversando com bancada A, com bancada B, é difícil mas a gente não pode reclamar, a política é exatamente assim”, declarou.
Leia também
A preocupação a respeito da participação direta de seus ministros na articulação política veio principalmente diante dos acenos recentes do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que destravou projetos de interesse da oposição na última semana e atacou pessoalmente o secretário de relações institucionais do Planalto, Alexandre Padilha.
Há também o temor, por parte do governo, de que Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), incluam nas pautas das duas casas itens que possam ameaçar o equilíbrio fiscal para o próximo ano, em especial a PEC do Quinquênio, que prevê um aumento salarial de 5% a cada cinco anos para o Ministério Público e para o Judiciário. Há ainda uma intensa negociação ao redor dos R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares vetadas no orçamento de 2024, que serão tema de deliberação na quinta-feira (25).
O presidente Lula ainda relembrou que a própria medida provisória do programa Acredita vai exigir articulação direta para que seja aprovada. “Eu estou muito otimista. Mas quando essa MP chegar ao Congresso Nacional, tem 513 deputados. Nem todo mundo é obrigado a concordar com nossos artigos. Tem pessoas que vão querer mudar. A gente vai xingar e achar ruim? Não. A gente vai ter que colocar o governo para conversar, e se precisar de ajuda, é de vocês, para ajudar a conversar com os deputados”, antecipou.