Um dia depois de deflagrada a operação da Polícia Federal (PF) que resultou na prisão de membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) suspeitos de planejar o sequestro e assassinato do senador Sergio Moro (União-PR) e outras autoridades públicas, o presidente Lula se pronunciou sobre o atentado. Segundo ele, o plano da facção criminosa é uma “armação” cometida pelo ex-juiz da Operação Lava Jato.
“Eu acho que é mais uma armação do Moro. Eu quero ser cauteloso, eu vou descobrir o que aconteceu, é visível que é uma armação do Moro. Mas eu vou pesquisar, eu vou saber o porquê da sentença. Eu até fiquei sabendo que a juíza não estava nem em atividade quando deu o parecer a ele”, declarou o presidente em uma entrevista coletiva no Complexo Naval de Itaguaí (RJ).
A juíza em questão é Gabriela Hardt, com quem Lula também possui um histórico de rivalidade. Ela assumiu o lugar de Sergio Moro na condução da Lava Jato quando este saiu da justiça federal para assumir o cargo de ministro da Justiça, em 2019. No mesmo ano, condenou Lula a 12 anos de prisão no processo referente ao sítio em Atibaia (SP), em uma sentença quase idêntica à proferida por Moro no ano anterior. A sentença foi anulada diante da comprovação de que Moro atuou de forma parcial no processo.
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Lula ainda afirmou que não vai “ficar atacando ninguém sem ter provas”, mas reafirmou sua crença de ser uma armação do Senador. “Se for mais uma armação, ele vai ficar mais desmascarado ainda. Eu não sei o que ele vai fazer da vida se ele continuar mentindo do jeito como está mentindo”, acrescentou.
Conflito aquecido
A declaração se deu um dia depois de Lula ser cobrado por Moro para apoiar seu projeto de lei que cria um crime específico para o planejamento de atentados contra autoridades públicas. O senador declarou que o apoio governamental ao seu projeto serviria como gesto de retratação depois do presidente afirmar em entrevista que, no período em que esteve preso, não estaria bem até “foder com o Moro”.
A fala de Lula sobre o período de sua prisão serviu de combustível entre parlamentares da oposição, que alimentaram a narrativa de que o governo estaria interessado no atentado contra o senador. O presidente não se pronunciou sobre a acusação, mas o ministro da Justiça, Flávio Dino, condenou a tentativa de politização sobre a operação policial.
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