* Washington Quaquá
Fui recebido recentemente na Aeronáutica pelo comandante da Força, o tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, e seu staff. Estive lá na condição de deputado federal e como prefeito eleito, pela terceira vez, de Maricá. Saí impressionado com a lucidez, o pragmatismo propositivo e a visão estratégica dos oficiais sobre o desenvolvimento nacional. Aliás, isso sempre me impressionou. Quando cheguei à Câmara, decidido a me dedicar às políticas de desenvolvimento, reivindiquei ser membro da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, exatamente para estreitar relações, como parlamentar e dirigente da esquerda, com os militares.
Diante de algumas decepções com Brasília, decidi voltar à Prefeitura de Maricá para liderar uma nova etapa de desenvolvimento da cidade. Como vou comandar o oitavo maior PIB do país e sigo na vice-presidência do maior partido de esquerda do Ocidente, tenho como deveres discutir rumos e agir pelo desenvolvimento, que não pode ocorrer sem a atuação das Forças Armadas. É assim em qualquer nação desenvolvida.
Sob a liderança do Presidente Lula, um dos maiores articuladores políticos de nossa história, com autoridade moral de alcance mundial, o Brasil precisa escapar da polarização ideológica irracional, virar a página e mudar as pautas. No lugar de temas como 8 de janeiro, embates com STF, prisões de A ou B e recaídas lavajatistas, é possível abrir os olhos para discutir o que realmente deveria interessar ao povo brasileiro: um projeto amplo, contínuo, gradual e seguro de desenvolvimento com justiça social.
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Só Lula pode chamar à mesa empresários, juízes, militares, trabalhadores, lideranças de periferias e universidades para um pacto por décadas de crescimento com distribuição de renda. Só ele pode unir um bloco amplamente majoritário da nação em torno da ideia de um Brasil potência, que embalou o sonho de nossos avós, de Pedro II, Getúlio, Jango, JK e, por que não, até de uma parte dos militares da ditadura.
Após a injusta prisão à qual foi submetido, Lula mostrou um vigor comparável apenas à saga de Nelson Mandela. É com essa estatura que ele pode fugir da armadilha da polarização para unir as forças do país em torno de um projeto de longo prazo. Seu governo caminhou nessa direção ao aceitar a parceria do Congresso para aprovar a Reforma Tributária, mas pode ir bem mais longe.
A esquerda só pode governar bem se atrair o centro com um projeto concreto de crescimento que sinalize, por exemplo, qual deve ser o salário mínimo daqui a 20 anos, quando e como vamos zerar o déficit habitacional, qual tipo de educação técnica ou superior vai nos libertar do atraso cultural, como vamos superar os obstáculos impostos por algumas instâncias aos grandes projetos de investimento. Para que tudo isso aconteça, a esquerda brasileira precisa entender que Lula é muito mais do que seu líder. Ele é a expressão da nacionalidade, o único que pode conduzir a nação a um pacto de desenvolvimento e justiça rumo ao futuro.
Deputado federal (PT-RJ), vice-presidente do PT e prefeito eleito de Maricá*
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