Ao lado Jair Bolsonaro, o ministro da Economia Paulo Guedes voltou a defender, neste domingo (24), o furo no teto de gastos para viabilizar o pagamento do Auxílio Brasil, de R$ 400. Segundo Guedes, a aprovação de reformas, como a administrativa e do Imposto de Renda, compensa a manobra. Neste sentido, criticou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que é pré-candidato ao Palácio em 2022, pela demora em analisar as propostas que trariam as compensações financeiras para barrar um temido desajuste fiscal decorrente do furo.
“Se ele [Pacheco] quiser se viabilizar politicamente como uma alternativa séria precisa nos ajudar com as reformas. O presidente da Câmara, Arthur Lira, quer avançar, e precisamos que o Senado ajude também”, disse em alusão a uma possível candidatura de Pacheco.
Ainda durante a entrevista, Paulo Guedes chamou de “barulho” os alertas de especialistas do mercado financeiro sobre efeitos fiscais desta decisão.
O ministro também argumentou que somente seria possível criar políticas de socorro a pessoas em estado de pobreza e extrema-pobreza caso o teto de gastos seja furado.
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“Sou defensor do teto, vou continuar a defender o teto. Agora, o presidente precisa tomar decisões políticas muito difíceis. Se ele respeitar o teto, ele deixa 17 milhões de famílias passando fome”, disse.
O ministro comentou que, de acordo com a Receita Federal, o país bateu recorde de arrecadação. Com isso, rechaçou ameaças de retrocesso do crescimento econômico e projetou um crescimento de 5% para o PIB neste ano. “Essa história de que o Brasil não vai crescer é narrativa política”, completou.
PublicidadeBolsonaro repete que Guedes fica
Durante a entrevista, Jair Bolsonaro negou os rumores de demissão do ministro. “A gente vai sair juntos. Fiquem tranquilos”. O presidente vistou neste domingo uma feira de exposições na Granja do Torto, em Brasília, e levou o ministro junto.
Na última semana, a ala econômica do governo vivenciou crises na equipe após quatro secretários de Guedes pedirem exoneração dos cargos por não concordarem com a proposta de furar o teto para bancar o Auxílio Brasil, benefício que irá substituir o Bolsa Família em 2022.
O secretário do Orçamento, Bruno Funchal, e do Tesouro, Jeferson Bittencourt, alegaram razões pessoais para deixar os cargos, mas isso passou a investidores o mais claro sinal de que o governo não estará disposto a cumprir sua política fiscal de cumprimento ao teto de gastos.
Em conversa com jornalistas na sexta-feira (22), Guedes disse considerar “natural” a saídas deles e comentou que soube da decisão pela demissão de ambos apenas 24 horas antes. Isso ocorreu logo depois que a equipe enviou sugestões para a PEC dos Precatórios ao relator do texto na Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB).