O governo decidiu suspender a compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, alvo de suspeitas de irregularidades apontadas na CPI da Covid no Senado. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o controlador-geral da União, Wagner Rosário, confirmaram a decisão nesta terça-feira (29), um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro tornar-se alvo de uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de prevaricação.
“Esse assunto foi discutido e, por orientação da Controladoria-Geral, por uma questão de oportunidade e conveniência, decidimos suspender o contrato para que análises mais aprofundadas sejam feitas”, justificou Queiroga, em entrevista com a imprensa no Palácio do Planalto.
Queiroga disse que novidades ocorrerão à medida que “novos fatos concretos” forem apurados.
Já Wagner Rosário comentou que a decisão é preventiva e tem cunho meramente administrativo, isto é, não está ligada à qualquer decisão que o Ministério Público possa tomar. “O que nós estamos fazendo é revisando o processo para dar máxima segurança para que o ministro [Queiroga] possa tomar decisões dentro da legalidade”, disse.
O tema tem ganhado proporções desde o início da semana passada e parlamentares da oposição que integram a CPI o indicam como o principal esquema de corrupção descoberto durante a pandemia. O caso também representa um ponto de desgaste para o presidente Jair Bolsonaro e o assunto impeachment voltou a ser suscitados nas rodas de conversa em Brasília.
De acordo com depoimento que prestaram à CPI da Covid na sexta-feira (25), o deputado Luís Miranda (DEM-DF) e oirmão dele, Luís Ricardo, levaram ao presidente a denúncia de que havia irregularidades no contrato. A vacina indiana era a mais cara a ser negociada pelo governo brasileiro, ao custo US$ 15 a dose, e a única que seria adquirida com a utilização de um intermediário, a empresa Precisa Medicamentos.
PublicidadeUm adiantamento de US$ 45 milhões seria feito à Precisa. Luís Ricardo afirma ter sido pressionado para liberar o pagamento desse adiantamento.
Informado pelos irmãos Miranda da irregularidade, Bolsonaro não teria tomado nenhuma providência. O deputadao Luis Miranda também afirmou que ele apontou para o envolvimento do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), na irregularidade.
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