O senador Ciro Nogueira (PP-PI), líder do Centrão e integrante da “tropa de choque” governista na CPI da Covid, afirmou que prepara, em parceria com o senador Marcos Rogério (DEM-RO), um relatório “paralelo” sobre as apurações da comissão. A afirmação foi feita em entrevista ao Valor Econômico, divulgada nesta segunda-feira (31). O parecer vai se contrapor ao relatório a ser apresentado pelo relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
“Vai ficar entre mim e o Marcos Rogério a preparação desse relatório. Nossas assessorias já estão preparando material”, disse Nogueira ao Valor. O senador disse acreditar que, hoje, a maioria da população apoia as “teses da oposição”, mas indicou que a CPI no Senado só terá um resultado definitivo se houver algum “escândalo”.
“Até acho que, hoje, a maioria da população apoia as teses da oposição, mas eu já vi muita CPI e sei que quando há dois lados não há resultado definitivo. CPI dá resultado quando tem um escândalo, uma gravação, um inquérito da Polícia Federal ou do Ministério Público que não deixe dúvidas”, disse.
Eleições 2022
O líder do Centrão disse que, se as eleições presidenciais fossem hoje, o presidente “não seria reeleito”. Porém, reforçou que, em 2022, a perspectiva para sua reeleição é “muito boa”.
Para ele, Bolsonaro está em seu “pior momento” por causa da “situação” do Brasil, mas que a perspectiva de crescimento para o país é de 5% até o fim deste ano, o que deve reduzir sua rejeição, segundo o senador.
Na entrevista, o senador também disse que, diante da possibilidade do ex-presidente Lula (PT) concorrer à eleições de 2022, acha “muito difícil” que uma “terceira via” surja a tempo da eleição presidencial. “Duas pessoas [Bolsonaro e Lula] com tanta intenção de voto e muita rejeição… É muito difícil surgir [uma terceira via]”, pontuou o senador, que é presidente do PP.
Ciro disse que tem “carinho” por Lula, mas descartou a possibilidade de diálogo com o petista. “Tenho um carinho enorme pelo presidente Lula. Mas, seria muito ruim hoje, com este posicionamento que eu tenho, ter uma conversa com ele. Por mais que fosse fraternal, as pessoas não iam entender, então isso não pode ocorrer. Nem vai ocorrer. Eu já tenho esta posição e as pessoas não iam entender”, alegou Nogueira, na entrevista ao jornal.
Na entrevista ao Valor Econômico, o líder do Centrão disse que o presidente não deve ir para o seu partido. O mais “natural”, de acordo com Nogueira, é que Bolsonaro retorne ao PSL ou que vá para um partido menor.
Entre outros assuntos, o senador também falou que tenta convencer o presidente sobre a necessidade da rápida aprovação da reforma administrativa.
“Temos que fazer urgentemente. Falei com o [presidente da Câmara, Arthur] Lira, ele está muito imbuído e uma parte do governo [também]. O presidente [Bolsonaro] não está tão imbuído. Nós temos tentado convencê-lo sobre a necessidade disso”, esclareceu.
Sobre a reforma tributária, disse que não vê como seria possível diminuir carga tributária, mas que também não apoia o aumento. “Tem que pelo menos dar uma enxugada para tornar o sistema tributário mais sensato”, alegou.
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