Pelo Twitter, a deputada federal eleita e presidente do PT Gleisi Hoffmann (PR) convidou o ex-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) para participar da oposição a Jair Bolsonaro antes dos 100 dias de governo. Esse prazo foi dado por Ciro para que o novo governo tome suas primeiras providências.
“Ciro é bem vindo à oposição e à defesa do povo. Não precisa esperar 100 dias. Pode liderar, se coloque. Mas larga do pé do PT e de Lula. Já deu esse discurso de despeito. Precisamos defender o Brasil, o povo brasileiro e sua soberania”, contra-atacou.
Em entrevista ao jornal El País publicada nesta segunda-feira (7), Ciro disse que aguarda pelos primeiros 100 dias de governo para fazer uma oposição ferrenha a Bolsonaro. Ele também criticou a postura do partido de Gleisi. “O PT já foi. Agora eles encontraram alguém que tem coragem de encará-los. Eu sou pós-PT”, disse.
“Não quero ser um trombeteiro que nem um petista raivoso, que é o tipo mais parecido com um bolsominion. Deixa o Bolsonaro tomar pé das coisas. Mas daqui a uns 100 dias, tenho toda uma plataforma por onde vou começar a cobrar”, acrescentou.
A declaração de Ciro Gomes surgiu ao ser questionado se já é tempo de Bolsonaro se posicionar sobre o escândalo de movimentações irregulares do ex-assessor Fabrício Queiroz. Ciro Gomes concordou, mas comparou a oposição do PT e de seus militantes aos defensores de Jair Bolsonaro.
Ciro é bem vindo à oposição e a defesa do povo. Ñ precisa esperar 100 dias. Pode liderar, se coloque. Mas larga do pé do PT e de Lula. Já deu esse discurso de despeito. Precisamos defender o Brasil, o povo brasileiro e sua soberania#LulaLivre
— Gleisi Lula Hoffmann (@gleisi) 7 de janeiro de 2019
Para Ciro, a vitória de Jair Bolsonaro foi provocada, em grande parte, pelo próprio PT. “Estamos fazendo exatamente o que o Bolsonaro quer que a gente faça. Ele não ganharia em hipótese nenhuma no Brasil que eu conheço se não fosse o antipetismo que o petismo cevou”, atacou.
O ex-governador do Ceará apontou aqueles que foram, na opinião dele, os principais erros dos governos petistas: as nomeações de Antonio Palocci -“réu confesso”- nos governos de Lula (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil), e de Joaquim Levy (Fazenda) e a escolha de Michel Temer como vice na chapa da ex-presidente.
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O ex-governador não descarta compor uma frente de oposição em parceria com o PT e diz que o partido não é “o inimigo”, mas criticou o protagonismo que Lula possui entre a militância, mesmo após a prisão em Curitiba (PR).
“Precisamos dar ao jovem brasileiro uma plataforma em que ele não precise de um salvador da pátria, de um guru, de um líder carismático que, preso, de dentro da cadeia, fica mandando recado. Isso é o fundo do poço. Não quer dizer que a gente abandone o Lula”, defendeu.
Embora considere que Lula não é um preso político, já que foi condenado por unanimidade pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o pedetista acredita que o PT agiu da forma errada ao permitir a prisão de Lula e tentar lançá-lo à presidência enquanto sustentava a tese de prisão política.
“Eu, por exemplo, fui violentamente criticado – e isso o PT esquece – quando propus, quando ele sofreu uma prisão coercitiva injusta, ilegal, que se a gente achasse que ele era um preso político, deveríamos subtraí-lo desta arbitrariedade, colocá-lo numa embaixada e pedir asilo político”, disse.
Ciro afirma ainda que se arrependeu de ter apoiado a campanha de Dilma Rousseff, e criticou a escolha do partido em não ter apoiado a candidatura dele ou de Eduardo Campos (PSB). “Votei no Haddad como cidadão, mas não voto mais nesta burocracia do PT. Não faço campanha com eles nunca mais”.
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