Entre 2000 e 2002, quando tinha 19 anos, Flávio Bolsonaro acumulou três ocupações simultâneas em duas cidades diferentes, informa a BBC News Brasil. Ao mesmo tempo em que fazia faculdade de Direito e estágio duas vezes por semana no Rio de Janeiro, ocupava um cargo de 40 horas semanais na liderança do PPB (hoje PP) na Câmara, partido à época de seu pai, o então deputado Jair Bolsonaro (RJ).
Em sua conta LinkedIn e no site da Assembleia Legislativa, Flávio cita o período em que cursou a faculdade e fez o estágio, mas não menciona o trabalho na Câmara. A passagem pela Casa, no entanto, consta da declaração do Imposto de Renda entregue por ele à Justiça eleitoral em 2001, no portal da Transparência da Câmara e no Diário Oficial da União, ressalta a BBC. A assessoria de Flávio disse que ele não se manifestará sobre o assunto.
Pelas normas da Câmara, o filho do presidente Jair Bolsonaro só poderia trabalhar em liderança partidária se morasse em Brasília. Em valores atualizados, segundo o site, Flávio recebia o equivalente a R$ 13 mil.
Bolsonaro defende o filho Flávio: “Não é justo atingir o garoto”
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Em entrevista concedida à TV Record, o presidente Jair Bolsonaro disse ontem acreditar na inocência de Flávio. Segundo o presidente, as suspeitas levantadas contra seu filho têm como objetivo atingir o seu governo.
“Acredito nele. A pressão em cima dele é para tentar me atingir. Ele tem explicado tudo o que acontece com essas acusações infundadas, que teve sim seu sigilo quebrado”, afirmou na entrevista concedida em Davos, na Suíça. “Nós não estamos acima da lei. Pelo contrário, estamos abaixo da lei. Agora, que se cumpra a lei, não façam de maneira diferente para conosco. Não é justo atingir o garoto, fazer o que estão fazendo com ele, para tentar me atingir”, acrescentou.
PublicidadeMais cedo, também em Davos, Bolsonaro havia adotado um tom mais duro em relação ao filho mais velho, de 37 anos. “Se por acaso ele errou e isso for provado, eu lamento como pai, mas ele terá que pagar por essas ações que não podemos aceitar”, declarou.
Flávio é um dos 27 deputados estaduais do Rio de Janeiro que entraram na mira da Receita Federal devido à suspeita de que podem ter embolsado parte do salário de servidores, um esquema chamado de rachadinha. O primogênito de Bolsonaro é citado em procedimento aberto contra seu ex-assessor Fabrício Queiroz.
Amigo do presidente há mais de 30 anos e ex-policial militar, Queiroz passou a ser investigado depois que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou que ele movimentou, de maneira atípica, R$ 1,2 milhão no período de um ano. O valor é considerado incompatível com os rendimentos e o patrimônio dele.
Nesta semana O Globo revelou que Flávio empregava a mãe e a mulher de um dos líderes do chamado Escritório da Morte, grupo de milicianos que atuava na região de Rio das Pedras no Rio. Ele também homenageou dois policiais integrantes da falange. Flávio disse que não sabia do envolvimento da dupla com o mundo do crime.
Flávio Bolsonaro empregou em seu gabinete mãe e mulher de líder de milícia, diz O Globo