O anúncio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de se afastar da articulação política em prol da reforma da Previdência acendeu um sinal de alerta na cúpula do Palácio do Planalto. E gerou um movimento de aliados do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais nesta sexta-feira (22) para tentara apagar um incêndio inciado, em partes, por um dos filhos dele, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ).
O primogênito, senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) disse, em sua conta no Twitter, que Maia é “fundamental” à reforma.
Presidente da Câmara @RodrigoMaia é fundamental na articulação para aprovar a Nova Previdência e projetos de combate ao crime. Assim como nós, está engajado em fazer o Brasil dar certo!
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) 22 de março de 2019
Também a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-PR), foi às redes afagar o presidente da Câmara.
Há um movimento nas redes para colar em @RodrigoMaia a pecha de que ele é contra a Nova Previdência. Isso é mentira. Maia é um dos q mais tem trabalhado para aprovação e logo pelo principal plano do governo. Na prática, sem Maia, a coisa não vai e o Brasil empaca. Simples assim.
— Joice Hasselmann (@joicehasselmann) 22 de março de 2019
A semana foi de intenso tumulto político, apesar do almoço que reuniu os presidentes dos poderes no fim de semana para tentar acalmar os ânimos, já exaltados desde semana passada.
Teve mensagem do ministro da Justiça, Sérgio Moro, a Maia cobrando-o por não acelerar a votação do pacote de segurança enviado ao Congresso. Houve ainda a edição do decreto com as normas para indicação aos cargos de segundo e terceiro escalão nos estados. Mas a gota d’água veio na quarta (21), com o projeto previdenciário dos militares, avaliado por muitas lideranças como benéfico à categoria.
Principal fiador da proposta na Câmara, Maia tem se sentido desgastado nas negociações. A seu núcleo político mais próximo, vem declarando insatisfação com as críticas que tem recebido de bolsonaristas. E mencionou, em especial, o conhecido como 03, Carlos Bolsonaro. Reclamou de um post específico do verador carioca que faz menção ao bate boca que Maia e Moro protagonizaram na quarta pela imprensa em torno do projeto de segurança pública.
Há algo bem errado que não está certo! https://t.co/mD0hacXZVJ
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 21 de março de 2019
Na quinta (21), ligou para o ministro da Economia, Paulo Guedes, e avisou que está fora das articulações pela proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência. Na ocasião, disse que é papel do governo reunir os votos necessários para aprovar o texto e não dele. E que, como presidente da Câmara, a ele cabe pautar a proposta quando o governo achar que tem os votos necessários para aprovar.
Em resposta à deputada estadual em São Paulo Janaina Paschoal (PSL), que questionou sua postura, disse que não é contra a reforma, ao contrário, que nunca deixaria de defendê-la.
Um dos aliados mais próximos de Maia, o deputado Paulinho da Força (SD-SP), afirmou que, sem ele, a reforma perdeu as chances. “Na terça já vamos levar uma caixão, porque a reforma está enterrada”, ironizou.
> Com 80 dias de mandato, lua de mel acaba e Bolsonaro enfrenta seu pior momento no Congresso