Em nova nota divulgada na quinta-feira (2), a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) reafirmou o apoio ao manifesto “A praça é dos três poderes”. O texto tem gerado tensão entre integrantes do mundo econômico e do governo desde o início da semana quando, apesar de não ter sido divulgado oficialmente, teve uma versão vazada. O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a comentar o assunto afirmando que o documento foi mudado para trazer críticas ao governo. Como forma de desagravo, os bancos públicos – Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil – ameaçaram deixar a federação.
Na nota desta quinta, a federação assume ter tomado a dianteira do processo de coleta de assinaturas do documento que, ressalta, foi redigido por “mais de 200 entidades”. Ainda nela, a Febraban afirma respeitar eventuais posições tomadas pelos bancos públicos “que se posicionaram contrariamente à assinatura do manifesto”.
Também nesta quinta, o presidente do Banco do Brasil indicou que a instituição voltou atrás e permanecerá membro da Febraban. Por comunicado disse que esta era “uma saída honrosa para os dois lados”, e que o manifesto foi “fruto de discussões respeitosas entre as partes e da busca constante pelo diálogo existente entre os membros da Febraban”.
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A Caixa também sinalizou que deve permanecer ligada à federação.
Leia a íntegra da nota divulgada pela Febraban nesta quinta:
“A Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) reafirma o apoio emprestado ao manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, cuja adesão se deu, desde o início, dentro de um contexto plurifederativo de entidades representativas do setor produtivo e cuja única finalidade é defender a harmonia do ambiente institucional no país.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) assumiu a coordenação do processo de coleta de assinaturas e se responsabilizou pela publicação, conforme e-mail dirigido a mais de 200 entidades no último dia 27 de agosto.
A FEBRABAN considera que o conteúdo do manifesto, aprovado por sua governança própria, foi amplamente divulgado pela mídia do país, cumprindo sua finalidade. A Federação manifesta respeito pela opção do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que se posicionaram contrariamente à assinatura do manifesto.
Diante disso, a FEBRABAN avalia que, no seu âmbito, o assunto está encerrado e com isso não ficará mais vinculada às decisões da FIESP, que, sem consultar as demais entidades, resolveu adiar sem data a publicação do manifesto.
A FEBRABAN confirma seu apoio ao conteúdo do texto que aprovou, já de amplo conhecimento público, cumprindo assim o seu papel ao se juntar aos demais setores produtivos do Brasil num pedido de equilíbrio e serenidade, elementos basilares de uma democracia sólida e vigorosa.”
O texto trazia pedidos de paz e diálogo entre os poderes, em uma referência aos recentes ataques entre Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF). A divulgação do manifesto antes dos protestos previstos para 7 de setembro foi a contragosto de Paulo Skaf, presidente da Fiesp e aliado do governo, e prontamente os bancos públicos ameaçaram deixar suas cadeiras no bloco.
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