Ao comentar visita do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, à fronteira de Roraima na semana passada, Jair Bolsonaro disse que os “americanos têm o interesse em restabelecer a democracia na Venezuela”. A visita foi criticada por diversas autoridades, que alegaram que a agenda confronta princípios da diplomacia brasileira, dado que ela ocorreu em plena campanha à presidência dos EUA.
Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a conduta do governo brasileiro no episódio não “condiz com a boa prática diplomática internacional” e afronta as políticas brasileiras externa e de defesa. O atual presidente americano, Donald Trump, tenta se reeleger no pleito marcado para 3 de novembro, contra o ex-vice do presidente Barack Obama, Joe Biden.
Acompanhado do ministro das relações exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, Pompeo visitou as instalações da Operação Acolhida, em Boa Vista (RR), responsável pela recepção, manutenção e interiorização de imigrantes venezuelanos que chegam no Brasil pela fronteira de Roraima.
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Citando indiretamente o governo argentino, Bolsonaro afirmou que o país está seguindo a mesma linha da Venezuela. “Assumiu lá um governo que já deu demonstrações no passado de seguir a linha do Foro de São Paulo e agora, ao ter uma votação aí equivocada, raivosa até de muitos, fez com que a esquerda responsável pelo insucesso desse país voltasse ao poder e rapidamente estão partindo para o regime parecido com a nossa Venezuela”, disse o presidente.
Chanceler ouvido no Senado
O epdisódio da visita levou o Senado a convidar o chanceler Ernesto Araújo para audiência nesta quinta-feira (24). Na Comissão de Relações Exteriores (CRE), o diplomata justificou a visita alegando que os EUA destinam recursos para a Operação. “Os Estados Unidos são os maiores financiadores das operações da Agência das Nações Unidas para Refugiados e da Organização Internacional de Migrações. Parece que faz todo o sentido que o secretário de Estado, que tem esse interesse em contribuir com a Operação Acolhida, visite as instalações.”
O chanceler disse ainda que há uma “grande convergência” entre republicanos e democratas nos EUA sobre como se posicionar em relação à Venezuela e negou que a visita tenha tido relação com as eleições presidenciais americanas.
Publicidade“Bem, não é assim. Um dos elementos que mostra que não é assim é que existe nos Estados Unidos uma grande convergência entre republicanos e democratas sobre a situação na Venezuela”. A política externa americana tem como um dos focos as críticas reiteradas ao regime de Nicolás Maduro.
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