O Hospital Israelita Albert Einstein divulgou nota (veja a íntegra mais abaixo) neste sábado (11) em que atribui a uma “analogia infeliz e infundada” com o holocausto a suspensão da médica Nise Yamaguchi, defensora do uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. A oncologista e imunologista disse, em entrevista ao SBT nessa sexta-feira (10), que seu afastamento decorre da defesa que ela tem feito do medicamento, cuja eficácia contra o coronavírus não é comprovada cientificamente.
Nise diz ter “certeza” de que a medicação cura pacientes infectados se aplicada nas fases iniciais do tratamento. A médica contou que foi informada do afastamento pelo diretor clínico e que está proibida de entrar no hospital onde trabalha há 35 anos. Ela foi cotada para substituir Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich no Ministério da Saúde.
“Eles acreditam que a minha fala em prol da hidroxicloroquina não tem fundo científico denigre o hospital, porque todo mundo relaciona a minha presença à imagem do hospital. E eu sempre tenho colocado que eu não falo pelo hospital. Eu faço a defesa da hidroxicloroquina porque eu tenho certeza que ela cura nas fases iniciais”, afirmou.
Massa de rebanho
No comunicado à imprensa, o Hospital Albert Einstein afirma que respeita a autonomia de seus profissionais e que Nise foi suspensa até que se conclua uma apuração interna sobre uma comparação feita por ela entre o pânico provocado pela pandemia e a postura de vítimas do holocausto.
“Você acha que alguns poucos militares nazistas conseguiriam controlar aquela MASSA DE REBANHO de judeus famintos se não os submetessem diariamente a humilhações, humilhações, humilhações”, diz o hospital, destacando em caixa-alta a expressão “massa de rebanho”.
“Como se trata de manifestação insólita, o hospital houve por bem averiguar se houve mero despropósito destituído de intuito ofensivo ou manifestação de desapreço motivada por algum conflito. Durante essa averiguação, que deve ser breve, o hospital não esperava que o fato viesse a público”.
Para Nise, o hospital usa a citação feita por ela para encobrir a real motivação de seu afastamento. “Falei em uma live que estava muito preocupada com o sofrimento das pessoas, privadas de sua liberdade, que pacientes estão morrendo de outras doenças. E que na época do holocausto os judeus eram enganados por propagandas de que iam ter emprego. E eles iam em situações horríveis. A comunidade judaica e o Einstein estão usando isso como se eu tivesse sido superficial com um sofrimento tão grande”, afirmou a médica ainda durante a entrevista ao SBT.
Veja a íntegra da nota do Albert Einstein:
“Com relação a declarações prestadas pela Dra. Nise Yamagushi, o Hospital Israelita Albert Einstein tem a esclarecer o seguinte:
- O hospital respeita a autonomia inerente ao exercício profissional de todos os médicos, jamais permitindo restrições ou imposições que possam impedir a sua liberdade ou possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho.
- A Dra. Nise Yamagushi faz parte do corpo clínico do Hospital, sendo admissível que perfilhe entendimento próprio com relação ao atendimento de seus pacientes ou à sua postura em face da pandemia ora combatida, desde que observe as regras relacionadas ao uso da sua condição de integrante do Corpo Clínico em sua comunicação.
- Trata-se, contudo, de hospital israelita e a Dra. Nise Yamagushi, em entrevista recente, estabeleceu analogia infeliz e infundada entre o pânico provocado pela pandemia e a postura de vítimas do holocausto ao declarar que “você acha que alguns poucos militares nazistas conseguiriam controlar aquela MASSA DE REBANHO de judeus famintos se não os submetessem diariamente a humilhações, humilhações, humilhações…”.
- Como se trata de manifestação insólita, o hospital houve por bem averiguar se houve mero despropósito destituído de intuito ofensivo ou manifestação de desapreço motivada por algum conflito. Durante essa averiguação, que deve ser breve, o hospital não esperava que o fato viesse a público. A expectativa do hospital é a de que o incidente tenha a melhor e mais célere resolução, de modo a arredar dúvidas e remover desconfortos.”
> Bolsonaro toma cloroquina e faz vídeo em defesa do remédio barrado pela OMS