Opa! A grafia errada do título deste artigo não quer dizer que me converti à “pós-modernidade gramatical” do ministro Abraham Weintraub e à sua notória política de deseducar o Brasil, agredir o saber, destruir as universidades, desprezar o magistério e perseguir o alunato. E antes de se impressionar com mais um “imprecionante” ataque à nossa língua portuguesa, paralisando por “paralizia” linguística a leitura do artigo, cabe-me esclarecer o título que poderia chocar os Amigos do Aurélio. A “educassão” do título não guarda relação direta com a educação que o eterno Paulo Freire ensinava ter o poder de mudar as pessoas para que elas mudassem o mundo.
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A utilização do “SS” tem como finalidade lembrar, alertar e refletir sobre a criminosa Schutzstaffel, agora que os sinais do tempo apontam para o centenário de sua criação. A história e o Tribunal de Nuremberg – instalado após a guerra para julgar crimes nazistas – revelaram o terror causado pelo Esquadrão de Proteção e pelos “camisas pretas” que integravam a tropa de elite mais poderosa da Alemanha Nazista. Uma inestimável máquina mortal que reunia exército próprio (Waffen SS), a Gestapo (polícia secreta nazista), a Reichssicherheitshaumptamt (órgão controlador das polícias), a Ordnungspolizei (polícia regular), Sicherheitspolizei (polícia de segurança), a Sicherheitsdienst (serviço de inteligência) e o Einsatzgruppen (grupos de extermínios criados para perseguir e matar judeus).
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No auge de sua atuação, sob o comando do criminoso Heinrich Himmler, a SS contava com mais de um milhão de integrantes fortemente armados. A máquina estatal responsável pelo cometimento de incontáveis crimes de guerra e contra a humanidade, dentre eles a execução da política de “limpeza étnica”, dos massacres contra a população civil dos países vencidos e do assassinato político de milhares de opositores por toda Europa. Este currículo macabro fez da SS o órgão nazista encarregado pelos campos de concentração e de extermínio, responsável direto pelo holocausto de milhões de homens, mulheres e crianças.
A máquina nazista de extermínio não nascera grande e poderosa. O seu começo fora numericamente acanhado e inexpressivo enquanto força política. O seu contingente não passava de trezentos paramilitares que integravam o Partido Nazista de Munique, selecionados pelo fanatismo e lealdade absoluta à Adolf Hitler. Logo, superando a fase embrionária de guarda pessoal de Hitler, a tropa de choque miliciana passou a eliminar qualquer foco de resistência ou oposição ao nascente nazismo, reprimir grupos minoritários, liderar atos e marchas de violência étnica e defender o autoritarismo. A SS cresceu na mesma velocidade do nazismo alemão, sendo parte integrante e ativa do horror praticado contra a humanidade.
Daí a expressão utilizada no título deste artigo. “EducaSSão” significa compreender, educativamente, o processo que fez nascer e crescer a SS Nazista. Aprender que as ideias totalitárias não podem ser toleradas, ainda que defendidas por um punhado de “exóticas pessoas”. Saber que não se pode aceitar como algo normal o terror praticado por grupos paramilitares, milicianos, fanáticos ou de assumido fundamentalismo político. Educar-se para resistir a qualquer grito, ato, marcha ou ordem que pretenda assassinar pessoas, violentar princípios humanistas e exterminar a democracia.
Espera-se que o centenário da criação da criminosa SS Nazista sirva de lição ao povo brasileiro, especialmente agora em que os valores democráticos abraçados pela Constituição Federal estão sendo questionados por “um punhado de pessoas”. Espera-se que a palavra educação nunca seja lida como “educassão” no nosso cotidiano, sendo imediatamente corrigida pelo corretor democrático quando assim digitada. Afinal, ainda vale a regra de educação pelo espanhol-estadunidense George Santayana quando assim advertiu: “Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”.
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