Após a devolução da MP do PIS/Cofins, o governo e o Congresso enfrentam um dilema: como compensar a desoneração da folha de pagamentos de forma eficaz e politicamente viável? A busca por alternativas é urgente, especialmente considerando o impacto fiscal e político dessas decisões.
A necessidade de encontrar alternativas viáveis e eficazes é premente, especialmente considerando o impacto fiscal e político dessas decisões. Diversas propostas estão sendo consideradas pelo Congresso para substituir a MP do PIS/Cofins. Entre elas estão a repatriação de recursos no exterior, a legalização de jogos de azar e o uso de depósitos judiciais e dinheiro esquecido no sistema financeiro.
Impactos fiscais e políticos
As propostas em discussão têm impactos fiscais variados, mas em geral, parecem insuficientes para cobrir integralmente a desoneração da folha de pagamentos, que necessita de uma compensação estimada entre R$ 26 bilhões e R$ 29 bilhões. A repatriação de recursos e a “taxa das blusinhas” juntas não atingiriam os valores necessários, e a legalização dos jogos de azar, apesar de potencialmente lucrativa, enfrenta fortes barreiras políticas.
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Politicamente, a busca por alternativas que não aumentem a carga tributária sobre o setor produtivo é essencial para evitar repercussões negativas. Medidas que envolvem novos impostos ou aumentos de alíquotas poderiam enfrentar resistência tanto no Congresso quanto na opinião pública, além de prejudicar a competitividade das empresas brasileiras.
Repercussão no setor produtivo e na opinião pública
O setor produtivo observa essas discussões com atenção, preocupado com o potencial aumento de custos e a imprevisibilidade regulatória. A desoneração da folha de pagamentos é vista como um alívio importante que facilita a contratação e manutenção de empregos, especialmente em setores intensivos em mão de obra como a construção civil e a indústria de transformação.
Na opinião pública, medidas que parecem favorecer grandes empresas ou setores específicos podem ser vistas com desconfiança, especialmente se não forem acompanhadas de transparência. A percepção de que as soluções propostas não são suficientes para cobrir a desoneração pode levar a críticas sobre a eficácia do governo em lidar com questões fiscais de maneira sustentável.
Difusão do ônus como estratégia
Setores específicos, quando impactados de forma concentrada, tendem a mobilizar recursos para se opor a medidas que consideram prejudiciais. Por outro lado, medidas que espalham o ônus entre uma base mais ampla de contribuintes tendem a diluir a oposição. Quando o impacto financeiro é distribuído de forma mais ampla e menos perceptível para cada indivíduo ou empresa, a resistência organizada se enfraquece. Propostas como a “taxa das blusinhas” sobre compras internacionais ou o uso de recursos de depósitos judiciais sem titularidade exemplificam essa abordagem. Essas medidas, embora ainda enfrentem alguma oposição, não concentram o impacto em um grupo específico, tornando a resistência mais difusa e menos intensa.
Espalhar o ônus tem benefícios fiscais e políticos claros. Fiscalmente, pode não arrecadar grandes somas de forma imediata, mas a combinação de várias pequenas fontes de receita pode somar o valor necessário para compensar medidas como a desoneração da folha de pagamentos. Politicamente, é mais viável aprovar tais medidas, já que enfrentam menor resistência organizada, embora haja um custo de apoio popular. Esse tipo de abordagem pode permitir ao governo avançar com reformas necessárias sem enfrentar bloqueios significativos de setores influentes.
O governo precisará pensar estrategicamente quais medidas vai propor e dialogar com a sociedade. Precisará ainda comunicar as medidas de uma forma efetiva para a opinião pública, construindo um consenso para evitar perder ainda mais apoio popular.
O equilíbrio entre a necessidade de compensação fiscal e a minimização de impactos negativos no setor produtivo e na opinião pública requer soluções criativas e consenso político. O governo precisará pensar estrategicamente sobre as medidas a serem propostas e dialogar com a sociedade. Além disso, será essencial comunicar essas medidas de forma eficaz para a opinião pública, construindo um consenso para evitar a perda adicional de apoio popular.
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