Ao final da cerimônia de posse de Paulo Pimenta na Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), a ex-presidente Dilma Rousseff saía por um canto para tomar o elevador quando foi abordada por um grupo. “De volta ao Palácio, presidenta?”, perguntaram. Dilma abriu um sorriso triunfante: “Eu falei que ia voltar”.
Se a posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência, depois de ter sido condenado e preso, representa para ele um momento de redenção na sua biografia, o mesmo tem ocorrido para Dilma desde o domingo (1º) nas cerimônias que marcam o início do novo governo. Se Lula foi condenado e preso, o início desse processo deu-se com a deposição de Dilma, após o seu impeachment. Dilma voltou a pisar o Planalto, onde ocupou o gabinete principal do terceiro andar como presidente, na posse de Lula no domingo.
Na posse de Paulo Pimenta, ela ocupou lugar de destaque, sentada do lado esquerdo do próprio Pimenta. Do outro lado, estava a esposa do novo ministro, Claudia. Quando Pimenta a mencionou, Dilma foi ovacionada. A grande plateia presente na posse gritou “Dilma! Dilma! Dilma!” por alguns minutos.
“A última vez que eu tinha entrado nesse palácio foi no dia que a presidenta Dilma foi afastada”, narrou Pimenta. “Se é verdade que este momento histórico que nós estamos vivendo tem um conjunto de significados e de símbolos, eu tenho certeza de que talvez um dos mais importantes seja uma reparação histórica que o Brasil está fazendo com a trajetória de vida e da importância para a nossa democracia e para o nosso Brasil de Dilma Rousseff”.
“Dilma foi para todos nós uma inspiração por sua determinação e por sua coragem”, elogiou o novo ministro da Secom. “Uma das pessoas mais dignas, mais corretas que eu conheci na minha trajetória política”, prosseguiu. “E nós assistimos a um país cometer uma injustiça de afastar a Dilma no início desse processo que estamos agora superando. Quero dedicar à senhora este momento e esta oportunidade de estar aqui”.
Ao final da posse, Dilma logo deixou o Palácio do Planalto. Evitou ficar para os rapapés e cumprimentos posteriores. Saiu por trás do púlpito montado, aceitando alguns pedidos de pessoas que queriam tirar fotos com ela. Dilma estava de volta. Mas preferiu, na sua nova saída, a discrição.