Em março de 2004, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi o responsável por uma das primeiras grandes crises internas no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Numa entrevista, Valdemar pedia explicitamente a cabeça do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Valdemar dizia então que Palocci precisava sair porque “não entendia nada de economia”.
Há algumas semanas, Valdemar Costa Neto estava envolvido em confusão semelhante, ainda que as cabeças que mirava agora não fossem talvez tão importantes quanto era a de Palocci em 2004. O presidente do PL pedia a demissão de toda a diretoria do Banco do Nordeste. Ou seja, o presidente daquele que deverá ser o novo partido do presidente Jair Bolsonaro para disputar as eleições no ano que vem é um grande especialista em fogo amigo.
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No caso especialmente da crise com Palocci lá no começo do primeiro mandato de Lula, os problemas de Valdemar Costa Neto estavam relacionados com insatisfações em torno de algo que de novo está bem na moda nos corredores do poder na Esplanada dos Ministérios: a liberação de emendas orçamentárias. O PL estava insatisfeito com o ritmo da maquininha de liberação de grana movida na época por Palocci.
Em 2002, quando Lula se deu conta de que precisaria fazer gestos à direita para ampliar seu eleitorado e conseguir vencer as eleições, foi o mesmo PL que se abre agora a Bolsonaro que ele procurou. O PL de Valdemar era então o partido do empresário José Alencar, que virou vice de Lula. O partido tinha, então, Anderson Adauto no Ministério dos Transportes, que acabou envolvido nas denúncias do mensalão. Valdemar Costa Neto também se envolveu nas mesmas denúncias e chegou a ser condenado pelo Supremo. Anderson Adauto foi substituído no Ministério dos Transportes por Alfredo Nascimento, que também se envolveu em denúncias.
Há um vídeo de 2018 que anda circulando agora no qual Bolsonaro lembra que Valdemar foi condenado no mensalão. Bolsonaro está no vídeo ao lado de Gustavo Bebianno, o primeiro ministro que ele demitiu de seu governo. Bebianno não é mais aliado de Bolsonaro. Morreu amargurado em 2020. Bolsonaro agora está ao lado de Valdemar Costa Neto.