Depois da saída de Regina Duarte da Secretaria Especial de Cultura, anunciada nesta quarta-feira (20, o governo do presidente Jair Bolsonaro ainda não anunciou o substituto da atriz no cargo, mas o nome aventado é o do também ator ex-global Mario Frias.
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Depois de anunciar voto em Bolsonaro nas eleições de 2018, o ator de 48 anos se tornou um dos poucos representantes da classe artística que defendem o governo. Casado com a publicitária Juliana Camatti, Frias tem dois filhos, sendo um de seu casamento anterior com a atriz Nívea Stelmann.
O ator foi protagonista da sexta temporada de Malhação, em 1999, em par romântico com Priscila Fantin. Depois do seriado juvenil da TV Globo, fez trabalhos em novelas globais como O Beijo do Vampiro (2002) e Senhora do Destino (2004) e também em outras emissoras, inclusive como apresentador. Em 2016, na Record, interpretou o rei Adoni-Zedeque no folhetim religioso A Terra Prometida. Em 2019, depois de passagens por várias emissoras, retornou à Rede Globo para interpretar Guilherme em Verão 90.
Atualmente, Frias apresenta o programa de turismo A Melhor Viagem, da RedeTV! e eventualmente atua como comentarista de um programa da Band com o jornalista Ernesto Lacombe. Há duas semanas, ele criticou ações de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que, segundo ele, estariam interferindo nas escolhas do Executivo “mesmo que nunca tenham sido eleitos pra nada”.
No Instagram, ele passou a divulgar mensagens em apoio ao presidente, utilizando as hashtags #bolsonarotemrazão e #ForaMaia. Chegou a parabenizar Regina Duarte pela indicação a secretária de Cultura, em fevereiro. Além de elogios ao ministro da Economia, Paulo Guedes, a quem ele chama de “gigante”, o ator também tem se aproximado de políticos ligados ao bolsonarismo. No último dia 12, fez uma live com o deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ). Também exibe fotos com a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e vídeos do deputado Luiz Lima (PSL-RJ).
PublicidadeAssim como Bolsonaro, Frias emitiu posicionamentos críticos ao isolamento social como forma de combater o novo coronavírus. “O vírus existe e precisamos lidar com ele. Mas temos que ter o DIREITO de escolher se vamos morrer de fome ou de COVID”, escreveu ele na rede social há cerca de três dias.
Na terça-feira (19), Frias se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, participando de almoço do presidente com os presidentes do Flamengo e do Vasco.
O encontro ocorreu no mesmo dia em que o presidente compartilhou trecho de fala do ator à CNN Brasil em 6 de maio. Ele negou que tivesse sido procurado pelo presidente para assumir qualquer secretaria, mas se colocou à disposição do presidente.
“Para ser bem direto: para o Jair, o que ele precisar eu estou aqui. Eu torço demais pela Regina, Regina é um ícone para mim, é uma pessoa que mexeu no meu coração. Amo você, Regina! Sou seu fã. Mas, pelo Brasil, eu estou aqui e o que for preciso eu não vou correr. Respeito o Jair demais”, disse o ator quando perguntado se teria recebido convite para entrar no governo.
– Mário Frias e a Cultura. https://t.co/xfEu0ruMDI
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 19, 2020
Regina Duarte é a quarta a sair da Secretaria desde o início do governo de Jair Bolsonaro. Ela ficou dois meses na função, que é aproximadamente o mesmo período que seus dois antecessores permaneceram no cargo.
Antes dela quem comandava a Cultura era Roberto Alvim, demitido após gravar um vídeo com referências nazistas. Antes dele, a Secretaria era subordinada ao Ministério da Cidadania e ocupada por Ricardo Braga.
Regina era constantemente atacada por integrantes do governo ligados ao escritor Olavo de Carvalho, que desde o início bombardeou a indicação da atriz para o cargo. A suspeita desse grupo é de que ela seria suscetível ao “setor de esquerda”. Sua atuação também sofreu reparos públicos do presidente nas últimas semanas, que reclamou do fato de a secretária despachar de São Paulo desde o início da pandemia.