O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (2), afirmou que o Conselho de Ética na Casa deve voltar a atuar em julho, em dias alternados com o Plenário. O colegiado tem 12 representações contra deputados aliados de Jair Bolsonaro na pauta, sendo que três deles são contra o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Conforme o Congresso em Foco mostrou em primeira mão, ao menos mais um processo será protocolado contra Eduardo quando o grupo voltar aos trabalhos. A denúncia é baseada em uma fala do deputado onde afirmou não ser mais uma questão de “se”, mas “quando” se dará o rompimento institucional no país. Congressistas têm apontado essa fala como uma estratégia da família Bolsonaro para arquitetar um golpe.
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Questionado, Rodrigo Maia negou que pretenda reabrir o colegiado para que os processos contra Eduardo tramitem. Segundo o presidente da Câmara, como é feita eleição para escolha do presidente do Conselho de Ética, Juscelino Filho (DEM-MA), que está à frente do grupo, pediu pelo retorno para tocar os trabalhos.
Não é hora
Segundo Maia, caso o presidente Jair Bolsonaro tente influenciar nas eleições para presidência da Câmara em 2021, não deverá obter êxito, assim como em 2019. “Não sei vai influenciar, na última eleição o Onix [Lorenzoni, então ministro-chefe da Casa Civil] fez campanha o tempo todo e eu derrotei”, afirmou.
Maia se referia à fala de Eduardo, que sugeriu, conforme mostrou O Globo, que o chefe do Executivo vai atuar para eleger um aliado nas presidências do Legislativo. “O presidente não participou ativamente dessa eleição em que foi eleito o Rodrigo Maia. Eu acredito que atualmente já ocorreu a maturidade para que seja necessária não uma interferência, mas a participação do governo”, disse.
Segundo Eduardo, o governo gostaria de ter como candidatos perfis alinhados à direita, como o da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) ou o deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP). “Contra a esquerda a gente vota em qualquer um”, afirmou.
Rodrigo Maia se disse perplexo que, em meio à pandemia da covid-19, o governo esteja articulando mudança na chefia de outros poderes. “Me deixa perplexo. Como que durante uma pandemia que já matou mais de 30 mil pessoas, alguém esteja preocupado com eleição na presidência da Câmara e do Senado”, afirmou.
Ainda na coletiva, Maia foi questionado sobre o Projeto de Lei do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), que visa tipificar grupos antifascistas como sendo terroristas. Segundo o presidente da Câmara, o projeto não deve entrar na pauta. “Você acha que merece resposta, um projeto tão absurdo como esse? Um projeto como esse não merece resposta. Não vamos perder tempo com um projeto como esse”, disse Maia.