Em transmissão ao vivo nesta quinta-feira (26), o presidente Jair Bolsonaro questionou a efetividade das máscaras de proteção facial para prevenção da covid-19. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uso da máscara como uma das principais formas de evitar a transmissão do coronavírus.
“Ainda vai ter um estudo sério falando da efetividade da máscara, se ela protege 100%, 80%, 90%, 10%, 4%, 1%. Falta apenas o último tabu a cair”, disse Bolsonaro. Ao contrário da afirmação do presidente, entretanto, a comunidade científica e as autoridades de saúde têm comprovações da eficácia das máscaras no combate à pandemia.
Em diversos eventos públicos o presidente aparece sem a proteção. Ele também evita usá-la em aglomerações que provoca durante viagens presidenciais.
Participaram da live ao lado do presidente o ministro da Educação, Milton Ribeiro, e o secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim.
Vacina
Na transmissão, Bolsonaro disse também que há “alguns impasses” em torno da vacina contra a covid-19 e disse que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é independente. “Nós temos aí uma, não digo uma guerra, alguns impasses sobre vacina. A Anvisa é independente. Não adianta um governadorzinho aí – nós sabemos quem é – ficar criticando a Anvisa, porque a Anvisa é independente”, disse ele.
“É muito interesse de um governador querer salvar vidas. (…) É um santo da calça apertada”, disse ele. Bolsonaro trava uma disputa com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em torno da vacina. O Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, desenvolve um imunizante em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Biotech – a CoronaVac.
Hoje, em entrevista ao Metrópoles, Doria afirmou que a vacina pode ser aplicada no Brasil sem autorização da Anvisa. No entanto, como a competência para liberação de medicamentos no Brasil é federal, uma eventual vacina só poderá ser distribuída no Brasil mediante aval da Anvisa.
Eleições municipais
Bolsonaro aproveitou para comentar alguns resultados das eleições municipais, em que a maioria dos candidatos a que declarou apoio não se elegeu. “Em São Paulo, o meu candidato perdeu. Não foi para o segundo turno”, disse ao lamentar o resultado na capital paulista. Ele disse que seus seguidores podem “decidir entre o [Bruno] Covas e o [Guilherme] Boulos”.
“O Covas declarou que não votou em mim no segundo turno em 2018, então votou no PT, votou no [Fernando] Haddad. E o outro cara do Psol é conhecido. Não vou dar dica, não vou entrar em política aqui. Cada um decida da melhor maneira o seu voto agora. Em São Paulo, tô fora dessa”, disse.
No Rio de Janeiro, Bolsonaro voltou a repetir que tem candidato, o atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). Segundo pesquisa Datafolha divulgada na noite de hoje, Crivella tem 23% das intenções de voto, contra 55% do ex-governador Eduardo Paes (DEM). “Não me interessa a pesquisa, não acredito em pesquisa. A decisão é de vocês”, pontuou Bolsonaro.
Salário mínimo
Ao comentar o valor salário mínimo, atualmente em R$ 1.045, o presidente admitiu que o piso está baixo, mas alegou que ele não pode ser maior porque o reajuste gera uma reação em cadeia. “Muita gente reclama, né? ‘Ah, o salário mínimo está baixo’. Reconheço que está baixo. A gente não tem como aumentar. Isso daí reflete diretamente nos aposentados e pensionistas, a gente tem uma gama enorme. Reflete no pessoal do BPC [Benefício de Prestação Continuada]. Não sei o montante, mas são dezenas de bilhões de reais que se gasta com isso”.
O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) enviado ao Congresso em agosto prevê um aumento de R$ 22 em relação ao valor atual do mínimo, passando para R$ 1.067 em 2021. O valor deve apenas repor a inflação projetada para 2020, medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), de 2,09%.
> Governo propõe salário mínimo de R$ 1.067 em 2021, sem aumento real