A possibilidade de Jair Bolsonaro sair do PSL não é descartada por um ex-aliado do presidente da República. “Ele é capaz de qualquer lambança desse tipo. É capaz de abandonar todo fundo eleitoral para trás, mesmo que isso prejudique os candidatos”, disse ao Congresso em Foco um ex-apoiador de Bolsonaro que prefere não se identificado.
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Um grupo de insatisfeitos da legenda tenta tirar do comando do PSL o deputado federal Luciano Bivar (PE). O pernambucano, porém, tem o apoio dos líderes na Câmara, Delegado Waldir (GO), e no Senado, Major Olimpio (SP), que criticam a falta de experiência política e o açodamento dos novatos.
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Uma ala do partido defende que um aliado mais próximo do presidente assuma o controle da legenda. Mas há também quem apoie a ideia de que o presidente deixe o partido: mudando-se para outro nanico, como era o PSL, ou criando um novo.
Ao sair do PP no final de 2017, Bolsonaro estava em negociações avançadas para se filiar ao Patriota, presidido pelo ambientalista Adilson Barroso. Para receber Bolsonaro o partido até removeu a defesa do ambientalismo do nome e deixou de ser Partido Ecológico Nacional (PEN) para virar Patriota.
No entanto, em janeiro de 2018, o hoje presidente e seus aliados políticos foram ao PSL fundado em 1998 e presidido até hoje Bivar, com pequenos intervalos afastado do comando da sigla.
PublicidadeAliados do militar reformado na época afirmam que a iniciativa de se filiar ao PSL partiu do próprio Bolsonaro e que ele “tinha confiança zero” no fundador do Patriota.
Reportagem do Congresso em Foco publicada na última sexta-feira (28) ouviu congressistas sobre o clima de rebelião na sigla.
Um dos nomes mais cotados para deixar o PSL, Major Olimpio descarta a possibilidade de Bolsonaro mudar de partido. “Seria o mesmo que uma pessoa que mora sozinha fugir de casa. Vai para onde? Ele é o ícone do partido”, diz o senador paulista.
O senador ataca colegas novatos na política que acusam Luciano Bivar de dirigir o partido com mão de ferro. “Esquecem-se que quem abriu espaço para o Bolsonaro no PSL foi o Bivar. Quem é o líder que o PSL vai colocar no lugar? Não há um nome sequer. Esses que reclamam, se estivessem em um partido diferente, nem teriam sido eleitos. Muitos estão em voo de galinha. Não terão um segundo mandato”, criticou.
O deputado Bibo Nunes (RS) está em guerra declarada contra o presidente do partido, a quem acusa de perseguição política. Com esse argumento, o apresentador de TV que faz sua estreia na política prepara sua filiação ao Patriota, partido sondado e rejeitado por Bolsonaro antes da campanha presidencial.
“Ele é um coronel. Acha que é dono do partido. Podia ser coronel quando o partido só tinha um deputado, não agora que tem mais de 50”, disse Bibo. “Se alguém é dono do partido, é o Bolsonaro”, acrescentou.
Nos últimos meses, Bolsonaro tem tentado ampliar suas ações sobre os rumos do partido e chamado Bivar e a advogada Karina Kufa para traçar um código de conduta para a legenda.
Em julho, Olímpio demonstrou ao Congresso em Foco preocupação com a quantidade de novos filiados ao partido e defendeu um filtro maior. De acordo com ele, a facilidade de filiação pela internet preocupa.
Em 2014, o nanico Partido Social Liberal lançou 832 candidatos pelo Brasil. Passados quatro anos e com Jair Bolsonaro como presidente eleito pela sigla, o número de candidatos pela legenda disparou 51,4%, chegando a 1.260.
Olímpio, que foi presidente do PSL paulista durante as eleições de 2018, falou sobre a dificuldade em analisar o grande número de filiados no pleito.
“Foram 240 candidaturas do PSL em São Paulo somando deputados federais e estaduais em um espaço de tempo muito curto. Houve uma pré-seleção para ver quem estava no padrão, quem era ficha limpa, mas foi uma coisa muito rápida”afirmou.
Para o senador, as regulamentações precisam atingir não só os novos filiados, mas também os integrantes atuais do PSL.
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