Madalena Rodrigues, jornalista aposentada, e o namorado Fernando Lopes, ilustrador, cumpriram nos últimos nove domingos a mesma rotina. Às 17h, estavam em frente ao Palácio Planalto, local de trabalho do presidente da República, para defender o impeachment de Jair Bolsonaro.
“Tinha vez que chovia e ficávamos só nós dois, de guarda-chuva”, disse ela há pouco ao Congresso em Foco. Neste domingo, porém, ela teve companhia. Agora encampado pelo PT e por outros partidos de esquerda (além do PT, as bandeiras mais visíveis eram do PCB e do PSTU), o ato de hoje reuniu mais de 200 pessoas e foi brindado com muitas manifestações de apoio, expressas pelas buzinas dos carros que passavam.
“Isso de carro passar e buzinar apoiando já tinha, mas hoje foi muito mais forte”, explicou Madá, como ela é conhecida.
“Está ficando claro para todo mundo que ele não tem nenhuma condição de continuar”, acrescentou, reconhecendo que o caos sanitário em Manaus está contribuindo para engrossar o coro pró-impeachment. Ela também esclarece que não tem vinculação com nenhum partido político e sentiu falta de tomar uma atitude, na condição de cidadão indignada com a incompetência do governo na condução de uma pandemia que, segundo os dados oficiais, já matou cerca de 210 mil brasileiros.Durante o ato, Madalena Rodrigues encenou a “Morte”. Com uma faixa presidencial, invocando a imagem de Bolsonaro, ela usou uma foice para representar a figura que sai por aí, a ceifar vidas. Outros manifestantes se atiravam ao chão, fazendo-se de mortos, à medida em que ela passava.
Uma das faixas pedia o impeachment de Bolsonaro e do vice Hamilton Mourão. Nova manifestação será realizada no mesmo local às 17 do próximo domingo, dia 24. No mesmo dia, haverá uma carreata em Brasília.
Há 61 pedidos de impeachment formalizados na Câmara dos Deputados, mas o presidente da Mesa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem dito que ainda não viu razão para acatar qualquer um deles. O cargo estará em disputa no próximo dia 1º. Um dos favoritos é o deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato de Bolsonaro à sucessão de Maia.
Nas redes sociais, também há movimentação. Um site com um abaixo-assinado pelo impeachment do presidente foi lançado na sexta-feira, e já conta até a noite deste domingo com 336 mil assinaturas. Outros perfis em redes sociais buscam calcular como seria a votação hoje, com base em manifestações dos políticos em redes sociais.
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