O deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirmou, neste sábado (26), que o presidente Jair Bolsonaro terá uma “surpresa mágica” se confrontar sua versão sobre o encontro que tiveram em 20 de março no Palácio da Alvorada. Miranda contou ontem, em depoimento à CPI da Covid, que Bolsonaro lhe disse que as irregularidades no contrato da compra da vacina indiana Covaxin eram “coisa” do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Em entrevista ao site O Antagonista, o deputado e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, autor da denúncia, reiteraram o que disseram aos senadores.
O parlamentar foi questionado pelo jornalista Diego Amorim se havia gravado a conversa com o presidente, o que ele negou no depoimento na CPI. Miranda tergiversou e voltou a dizer que não era correto um deputado gravar a conversa com um presidente. Ele afirmou, no entanto, ter como comprovar “na hora certa” o teor da conversa que tiveram no Palácio da Alvorada.
“Tenho como comprovar que ele escutou tudo o que eu falei para ele [na reunião de 20 de março]. É melhor ele não fazer isso. É desnecessário, é uma loucura. Se ele fizer isso, esquece 2022 porque vai ter um Brasil inteiro descobrindo que ele mentiu. Ele não mentiu ainda. Ele já admitiu que a gente foi lá, que quando falamos para ele, tentou corrigir”, disse o deputado. “O presidente não tem como desmentir porque ele sabe qual é a verdade. Amanhã aparece uma comprovação que vai ficar feio para ele. Perdeu as eleições se disser que é mentira. E essa comprovação pode aparecer”, acrescentou.
Luis Miranda relatou que teve impressão de que Bolsonaro se irritou com a denúncia. Para ele, Bolsonaro pode ter evitado mandar investigar o caso para manter a “bandeira” de que não existe corrupção em seu governo.
“Sinto que ele não foi combativo para não estourar um escândalo dentro do ministério dele. Só por isso. Para não dizerem que no governo Bolsonaro, em plena pandemia, estava rolando corrupção. Não acho que ele seja o corruptor. Maior erro do presidente é, para manter a bandeira de que não há corrupção no governo, ele permitir que as coisas aconteçam.”
O deputado também afirmou a O Antagonista que se sentiu incentivado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão e aliado de Bolsonaro, a fazer a denúncia.
“Eu perguntei a Arthur Lira qual seria o impacto [da denúncia] para a Câmara dos Deputados. E aí ele me responde que não tinha por que perguntar aquilo para ele. Se eu sabia de alguma coisa, que eu estourasse. É bonita a fala dele. É uma fala de combate à corrupção. A fala dele é uma fala de que, se tiver algo errado, deve-se denunciar mesmo. Mas, institucionalmente, o colega [Ricardo Barros] é do partido dele. O prejudicado é o presidente”, declarou.
Luis Miranda disse, ainda, que Ricardo Barros lhe pediu, na quarta-feira, dia em que detonou o caso, para conversar. À noite, Barros, de acordo com o deputado do DEM, encaminhou o link da entrevista coletiva em que o ministro Onyx Lorenzoni anunciou a abertura de investigação contra ele, por denunciação caluniosa. Miranda contou que respondeu a Barros: “Ameaçar testemunhas que não atacaram o governo é crime grave. Já pedimos proteção policial”. Na coletiva, Onyx afirmou que o deputado “não vai se entender só com Deus”.
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