Jair Bolsonaro já tem lugar garantido na história do Brasil. Um lugar que, com pouco mais de 100 dias de governo, ele conquistou a passos largos e seguros, trabalhando diuturnamente sem descanso. Um lugar que o distinguirá no futuro entre todas as figuras de nossa história. Em brevíssimo espaço de tempo, Jair Messias Bolsonaro tornou-se, sem qualquer sombra de dúvidas, o mais ridículo mandatário de nossa história, incluídos nesta lista todos os imperadores e ditadores que nos governaram desde o Brasil colônia até os dias de hoje.
Outro dia o STF abriu a temporada de censura. Um blog e um site de notícias publicaram informações com potencial para supostamente atingir a honra do presidente da Corte Suprema, por isso um dos juízes-ministros deu uma canetada e tirou do ar as notícias indesejáveis. Depois da gritaria contrária à truculência, voltou atrás, mas o estrago já estava feito. Bolsonaro, o ridículo, incomodado com um comercial do Banco do Brasil (muito bonito, por sinal) celebrando a diversidade, foi pelo mesmo caminho, mandou tirar a peça do ar. O Diretor de Comunicação do Banco se demitiu por não concordar com a truculência. O último ato ridículo foi a determinação para daqui pra frente as agências de publicidade submetam todas as peças do Governo Federal à Secom da Presidência. Se Sua Majestade não gostar, babau.
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A censura desapareceu, seus ridículos!
Os dois fatos, além do apelo à forma mais torpe de controle da informação – a censura – também revelam a profunda e devastadora desinformação tanto dos membros da mais alta corte do país quanto de Bolsonaro. Eles ainda não perceberam uma verdade cristalina: a censura a-ca-bou, minha gente. Acabou! Não existe mais! Pode até tirar a palavra “censura” do dicionário que não vai fazer falta porque ela simplesmente desapareceu, sumiu, escafedeu-se. Depois da chegada da internet tornou-se impossível suprimir por um ato de força qualquer coisa que entre na rede mundial de computadores. Caiu ali não sai mais, nunca mais.
O ridículo de Bolsonaro cresce na medida em que não aprendeu absolutamente nada com a idiotice praticada pelos membros do STF, que amplificaram em milhares de megatons os efeitos de divulgação da notícia que queriam silenciar. Não apareceu ninguém para dizer ao presidente da república que, aplicando um ato de censura ele, na prática, está estimulando a divulgação da peça censurada, que agora corre solta pela deep web, em mensagens de whatsapp, de e-mails e do escambau. Bolsonaro atraiu para si – como a suprema corte já havia feito – todas as atenções, e ajudou a alavancar a audiência de um comercial bom, mas que não tinha ainda conseguido provocar um choque poderoso de atenção na audiência. Pois agora…provocou!
Porque eu sou é home, menino, eu sou é home!
O ridículo se amplifica quando Bolsonaro esbraveja tentando convencer – a quem? – de que ele é que manda, faz e acontece, “porque eu sou é home, menino eu sou é home, e como sou!”, como diz a cantiga. Diariamente ele confirma que não tem e talvez nunca tenha tido qualquer autoridade sobre os próprios filhos que, mesmo com o pai na mais alta magistratura do país, simplesmente não dão a menor bola pra ele e sabotam diariamente seu governo com insinuações de que o vice estaria de olho na cadeira do pai y otras cositas más.
Quando confrontado com as postagens irresponsáveis dos filhos nas redes sociais, Bolsonaro afirma mil vezes ter posto um ponto final no rosário de fofocas. Pelo jeito, vai ter de gastar as reservas do país importando outros carregamentos de pontos finais. Às vezes, no mesmo dia em que afaga os pupilos, eles voltam à carga e postam mais bobagens. E tome ponto final! Um dos garotos, outro dia, bloqueou uma rede social do pai, deixando-o sem a senha por três dias. Uma situação, no mínimo, ridícula, se a gente se lembrar que o pai com a senha bloqueada é, apenas… o presidente da república.
Ridículo é um presidente que, a pretexto de combater a pornografia, faz questão de distribuí-la a mancheias, a pretexto de demonstrar a que ponto chegou a devassidão do carnaval, espalhando por aí um vídeo nojento que teria passado batido mas que, por uma ação ridícula, terminou sendo visualizado milhares, milhões de vezes. Mais ridículo se torna quando, depois de ridicularizado nacional e internacionalmente, resolve perguntar numa rede social “o que é golden shower?” Mais ridículo impossível.
Um guru ridículo
Bolsonaro é igualmente ridículo quando elege como guru de seu governo um charlatão de oitava categoria como o ridículo astrólogo Olavo de Carvalho, que comparece às mídias sociais com linguajar chulo e se presta a defender teorias idiotas como a dos terraplanistas e põe em dúvida o sistema copernicano. Que os planetas giram em torno do sol todo menino de primeira série é capaz de repetir de trás pra frente com uma venda na boca e a cara virada pra parede. Ainda assim, de forma absolutamente ridícula, Bolsonaro continua dando corda ao seu ridículo guru.
Só para refrescar a memória, segundo o dicionário Michaelis, “ridículo” se traduz como:
1) o que é digno de riso ou merecedor de zombaria; 2) o que não tem bom senso; 3) o que tem o poder de causar riso; cômico, risível; 4) o que revela mau gosto e pende para o vulgar; e 5) o que tem pouco valor; insignificante. Escolha a definição de sua preferência. Como Bolsonaro se enquadra em qualquer uma, pode ficar com todas. Só uma perguntinha: preocupado com todas essas coisas, será que sobra algum horário para ele… presidir o país?