O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pelo seu papel no combate à pandemia de covid-19. Em entrevista, Bolsonaro acusou o presidente da agência, Antônio Barra Torres, de ter publicado uma “carta agressiva” contra ele no último sábado (8), cobrando uma retratação de críticas feitas pelo mandatário à Anvisa.
Sem se desculpar ou se retratar, Bolsonaro criticou o tom da mensagem do presidente da agência. “Me surpreendi com a carta dele”, disse. “Carta agressiva, não tinha motivo para aquilo. Falei: ‘o que está por trás do que a Anvisa vem fazendo?’. Ninguém acusou ninguém de corrupto”, disse Bolsonaro ao programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan.
O presidente voltou a dizer que não viu “nenhuma morte” de crianças por covid-19, apesar de os dados públicos mostrarem o contrário. Bolsonaro falou com exclusividade à Jovem Pan duas vezes nesta terça-feira. Mais cedo, o militar reformado deu entrevista ao programa Morning Show.
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As críticas de Bolsonaro à agência atingiram um novo patamar na sexta-feira (7), quando Bolsonaro buscou desestimular novamente a vacinação de crianças. Na ocasião, em uma entrevista a uma rádio de Pernambuco, ele insinuou que a Anvisa teria outros interesses na autorização para a imunização de crianças de cinco a 11 anos (Bolsonaro, como se sabe, também é contra a imunização de adultos.
No sábado à noite, Barra Torres respondeu Bolsonaro em uma carta endereçada em nome da Anvisa. O tom adotado, no entanto, foi pessoal. “Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro”, disse, referindo-se si mesmo, “a não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar. Agora, se o Senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate.”