O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou na manhã desta segunda-feira (16) que há uma “histeria” por trás da reação da população ao coronavírus. Para o presidente, os efeitos da paralisação da economia por causa do vírus podem ser mais fortes que as consequências relacionadas à saúde pública. As declarações foram dadas em uma entrevista ao programa de rádio do jornalista José Luiz Datena.
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Para ilustrar seu argumento, Bolsonaro citou o exemplo da paralisação de partidas de futebol organizadas pela CBF. Para o presidente, a suspensão de eventos como esse atinge diretamente a economia informal. “Quando você proíbe jogo de futebol, o cara que vende chá mate não vai vender mais, o cara que toma conta de carro lá fora não vai tomar conta mais. Você vai acabar com o comércio do Brasil que grande parte é feito na informalidade e vai ter um caos muito maior que pode ocasionar esse vírus”, afirmou.
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Para o presidente, por trás do que chamou de “histeria” pelo coronavírus há uma disputa política. Em sua leitura, lideranças políticas estariam interessadas na bancarrota da economia como forma de desestabilizar seu governo.
“Se afundar a economia, acaba qualquer governo, acaba o meu governo. É uma luta de poder. Há por parte de alguns, não estou dizendo todos, irresponsabilidade nisso aí”, disse.
A fala de Bolsonaro foi em resposta à crítica de Datena sobre o fato de o presidente, mesmo estando sob monitoramento por suspeitas de coronavírus, ter aparecido nas manifestações deste domingo (15) e ter cumprimentado diversas pessoas no ato.
PublicidadeBolsonaro reagiu dizendo que outras autoridades, entre elas Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), estiveram em um evento com mais de 1,3 mil pessoas em São Paulo no último dia 9. O evento citado foi a cerimônia de lançamento da rede de TV CNN no Brasil. O vice-presidente, Hamilton Mourão, também esteve no evento.
Atos do dia 15
Ao longo da entrevista, Bolsonaro disse diversas vezes a Datena que não convocou a população para participar dos atos desse domingo. Em um discurso feito no sábado (7), entretanto, o presidente foi claro ao chamar apoiadores para a manifestação.
“Dia 15 agora, num movimento de rua espontâneo. E o político que tem medo de movimento de rua não serve para ser político. Então participem. Não é um movimento contra o Congresso, contra o Judiciário. É um movimento pró-Brasil. É um movimento que quer mostrar para todos nós, presidente, poder Executivo, Legislativo, Judiciário, que quem dá o norte para o Brasil é a população”, afirmou, em Boa Vista (RR), diante de uma plateia composta por diversos militares.
Na entrevista, o presidente disse ainda que foi cumprimentar os manifestantes porque tem esse “dever moral”. “Não vou viver preso dentro do Alvorada por mais cinco dias”, disse o presidente, que na terça-feira (17) fará novo teste para saber se foi infectado pelo coronavírus.