Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro fazem, desde o início desta manhã (22), uma campanha no Twitter contra a TV Globo. Às 9h45, a #GloboLixo liderava a relação de assuntos mais comentados da rede social no país. A hashtag chegou a figurar nos trending topics em todo o mundo minutos antes. A emissora carioca ainda é alvo da #GloboFakeNews, que aparecia no segundo lugar no ranking nacional.
Os usuários criticam, sobretudo, as reportagens feitas pela TV sobre as suspeitas de envolvimento do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) em um esquema de apropriação de salário de servidores, conhecido como “rachadinha”, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Os seguidores acusam a Globo de “manipular” a população para tentar desestabilizar o governo Bolsonaro e propõem boicote a anunciantes da emissora. Eles também reproduzem um vídeo no qual o âncora Boris Casoy, da Rede TV!, diz que bom jornalismo faz “perguntas isentas e imparciais” e não “o jornalismo inquisitivo que almeja obter respostas que gostaria de ouvir do entrevistado”. O comentário foi feito ontem por Boris em resposta a críticas feitas pela Globo às perguntas direcionadas a Flávio Bolsonaro nas entrevistas concedidas por ele à Rede TV! e à Record no domingo.
Leia também
Em contraponto, o “Enrosco de Flávio Bolsonaro” também subiu para a lista dos assuntos mais tuitados no Brasil, com questionamentos sobre a lisura da família do presidente da República. “Botaram os robôs dos minions pra funcionar com as hashtags contra a Globo devido ao Enrosco de Flávio Bolsonaro. O Brasil entregue a gente retardada”, escreveu um usuário. “Bandido bom é bandido da família”, diz outro.
Uma das matérias mais reproduzidas nesse tópico é “Fogo amigo, recuos ministeriais e enrosco de Flávio Bolsonaro põem o ‘mito’ em processo acelerado de desconstrução”, da Carta Capital. A expressão usada no título serviu de base para a hashtag.
Ontem também ganhou destaque a #EstadaoFakeNews, em resposta a uma reportagem do jornal paulista que apontava queda no número de seguidores da família Bolsonaro nas redes sociais desde o início do governo.
Publicidade“Rachadinha”
O primogênito de Jair Bolsonaro e outros 26 deputados estaduais, cujos assessores são citados no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que registra movimentações suspeitas em contas bancárias, são investigados na área cível pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Os procuradores apuram se eles cometeram improbidade administrativa. De acordo com o Coaf, 75 servidores e ex-servidores movimentaram valores atípicos entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
Filho de Bolsonaro comprou R$ 4,2 milhões em imóveis em três anos, diz Folha
Um dos suspeitos é Fabrício Queiroz, ex-motorista do deputado estadual, que, no período investigado, movimentou mais de R$ 1,2 milhão. No intervalo de três anos, foram R$ 7 milhões. A movimentação, conforme o Coaf, é incompatível com os rendimentos de Queiroz, que, até agora, faltou a todos os depoimentos marcados pelo Ministério Público.
Flávio Bolsonaro construiu patrimônio antes de virar empresário, mostra Folha
Evolução patrimonial
Reportagem da Folha de S.Paulo desta terça-feira (22) mostra que Flávio construiu seu patrimônio antes de se declarar empresário, conforme informações cartoriais, da Justiça eleitoral e da Junta Comercial do Rio de Janeiro. O senador eleito é sócio de uma franquia da Kopenhagen no Via Parque Shopping, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, desde 2015.
Em entrevistas, o ainda deputado estadual atribuiu sua evolução patrimonial à sua atividade empresarial. O salário como parlamentar é o menor de seus rendimentos, afirmou. Segundo a Receita Federal, a empresa foi aberta em 7 de janeiro de 2015, tem mais um sócio e é o único negócio declarado por ele desde que iniciou sua trajetória política em 2002. Na época ele informou à Justiça eleitoral possuir apenas um Gol 1.0, avaliado então em R$ 25,5 mil.
Relatório do Coaf mostra que Queiroz movimentou R$ 7 milhões em três anos, diz jornal
Vida empresarial
Flávio nega qualquer irregularidade. “Explico mais uma vez. Sou empresário, o que ganho na minha empresa é muito mais do que como deputado. Não vivo só do salário de deputado”, afirmou o senador eleito à TV Record. O salário de um deputado estadual no Rio é de R$ 25 mil.
O filho mais velho do presidente teve uma intensa movimentação imobiliária entre 2012 e 2014 – antes, portanto, da compra da loja. Ele comprou um apartamento no bairro de Laranjeiras e outro na Barra da Tijuca, no Rio. Os dois imóveis foram registrados ao custo de R$ 4,2 milhões, segundo a Folha. Nos dois casos, ele contraiu empréstimos, um na Caixa e outro no Itaú, respectivamente.
Relatório do Coaf aponta 48 depósitos suspeitos na conta de Flávio Bolsonaro