A Associação Nacional dos Auditores Internos da Caixa Econômica Federal (AudiCaixa) divulgou nota nesta sexta-feira (23) com duras críticas à indicação do economista Pedro Guimarães como futuro presidente da instituição financeira. Alinhado à tendência privatista do governo Jair Bolsonaro (PSL), que terá início em 1º de janeiro, Pedro é mais um nome bancado pelo guru econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, que chefiará o “superministério” da Economia, turbinado com a reunião de Fazenda, Planejamento e Indústria.
O economista indicado é sócio do banco de investimento Brasil Plural e especialista justamente em processos de privatização. Em seu currículo, consta a assessoria, por exemplo, do plano de privatização do antigo banco do estado de São Paulo, o Banespa.
Definidos os comandos da Caixa, do Banco do Brasil e do Ipea
Mas o posicionamento favorável de Pedro aos processos de desestatização, que serão acelerados pela inédita Secretaria de Privatizações, não é a principal causa de repúdio dos auditores. Eles apontam que a relação societária de Pedro com o Brasil Plural configura “conflito de interesses” na indicação ao comando da Caixa.
“O Brasil Plural é o principal credor no processo de recuperação judicial da empresa Ecovix, na qual Caixa e Banco do Brasil também são credores. É evidente, portanto, a incompatibilidade, por conflito de interesses, de um sócio-diretor do Brasil Plural ocupar qualquer cargo de gestão na Caixa ou no Banco do Brasil”, diz trecho da nota, que ainda faz outra acusação ao indicado, desta vez na esfera criminal.“Pesa contra a empresa de Pedro Guimarães a suspeita de envolvimento na supervalorização artificial registrada pelo FIP Florestal, fundo do qual a empresa Brasil Plural é gestora. A operação causou prejuízos à Funcef e à Petros e está sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal no âmbito da Operação Greenfield”, acrescenta o documento.
O Congresso em Foco não conseguiu localizar Pedro Guimarães.
Afinidade
Pedro e Paulo Guedes têm relação de proximidade. Eles trabalharam juntos no banco BTG Pactual quando o futuro ministro era sócio da instituição financeira. De perfil liberal, como são todos os indicados da equipe econômica de Bolsonaro até agora, Pedro tem experiência de 20 anos no mercado financeiro.
Doutor em Economia pela Universidade de Rochester (EUA), formou-se no curso de doutorado com tese sobre processos de privatização no Brasil. Como sócio do Brasil Plural, coordenou negociações de mercados de capital e operações de reestruturação de empresas.
Leia a íntegra da nota da entidade:
“É com imensa preocupação que as entidades representativas dos empregados da Caixa acompanham a indicação do sócio e diretor do Banco Brasil Plural, Pedro Guimarães, para a presidência da empresa pública federal.
O Brasil Plural é o principal credor no processo de recuperação judicial da empresa Ecovix, na qual Caixa e Banco do Brasil também são credores.
É evidente, portanto, a incompatibilidade, por conflito de interesses, de um sócio-diretor do Brasil Plural ocupar qualquer cargo de gestão na Caixa ou no Banco do Brasil.
Além do evidente impedimento, pesa contra a empresa de Pedro Guimarães a suspeita de envolvimento na supervalorização artificial registrada pelo FIP Florestal, fundo do qual a empresa Brasil Plural é gestora. A operação causou prejuízos à Funcef e à Petros e está sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal no âmbito da Operação Greenfield.
Esses motivos tornam a indicação de Pedro Guimarães extremamente temerária e suspeita, para muito além dos interesses privatistas os quais, ademais, jamais foram mantidos em segredo.
É importante lembrar que a CAIXA não pertence a um Governo, mas ao Estado Brasileiro.
A CAIXA mantém hoje a melhor estrutura de capital entre todos os bancos brasileiros, já alcançou este ano o maior lucro da sua história, vem sendo administrada nas últimas gestões por empregados de carreira da empresa e continua sendo o banco essencial para a sociedade.
Precisamos estar atentos.”