O advogado José Vicente Santini foi nomeado como novo secretário nacional de Justiça. Amigo da família Bolsonaro, Santini ficou conhecido em janeiro de 2020, quando fez um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) levá-lo da Suíça, onde acompanhou o Fórum Econômico Mundial, para a Índia. Na ocasião, o ministro Paulo Guedes fez o mesmo trajeto em voo comercial.
Após a revelação do caso, Santini foi exonerado do cargo de secretário-adjunto da Casa Civil da Presidência. O presidente Jair Bolsonaro classificou a atitude do assessor como “completamente imoral”. Em setembro do ano passado, no entanto, ele voltou ao governo, assumindo uma assessoria no Ministério do Meio Ambiente.
Amigo do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), Santini passou pela Casa Civil e pelos ministérios do Meio Ambiente e da Defesa até chegar, em fevereiro, à Secretaria-Geral da Presidência, órgão ao qual estava vinculado até agora.
De acordo com o currículo dele publicado na página oficial do governo, Santini é doutorando em Direito, mestre em Direito das Relações Internacionais, pós-graduado em Gestão Estratégica de Organizações e especializado em Gestão em Recursos. O novo secretário ficará subordinado ao ministro da Justiça, Anderson Torres.
No início do ano passado, Bolsonaro criticou Santini por voar pela FAB em um avião com outras duas pessoas da Suíça para a Índia. “Inadmissível o que aconteceu. Já está destituído da função de executivo do Onyx [Lorenzoni]. Destituído por mim. Vou conversar com Onyx para decidir quais outras medidas podem ser tomadas contra ele. É inadmissível o que aconteceu, ponto final”, afirmou o presidente à época. Bolsonaro chegou a destacá-lo, na ocasião, para outro cargo. Mas desistiu depois de o fato vir a público.
Santini se movimentava para virar advogado-geral da União, mas, como mostrou o Congresso em Foco, seu nome enfrentava forte resistência das carreiras da AGU. Uma das principais funções dos advogados públicos federais – categoria que abrange advogados da União, procuradores federais, procuradores da Fazenda Nacional e procuradores do Banco Central – é cobrar os valores desviados dos cofres públicos, as multas aplicadas aos infratores e os tributos à prestação de serviços públicos. A AGU também atua na orientação jurídica dos gestores para que as políticas públicas e demais ações de governo sejam implementadas com segurança.
PublicidadeAdvogados públicos federais reagem a possível indicação de amigo de Bolsonaro para AGU