Depois de uma semana de verdadeira queda de braço no Congresso Nacional ao redor da aprovação de uma série de Medidas Provisórias (MP) cruciais para o governo, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), compareceu ao Palácio da Alvorada na manhã de segunda-feira (5) para um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O cabo de guerra estabelecido entre Planalto e Câmara girou principalmente em torno da Medida Provisória (MP 1154) responsável pela reestruturação administrativa do governo, que de fato corria risco de não ser aprovada e trazer um retrocesso ao governo ao ver a organização ministerial retroceder ao que foi proposto pela gestão Bolsonaro. A aprovação da pauta imprescindível para manter o arranjo ministerial atual só ocorreu aos 45 do segundo tempo da última quarta-feira (31).
A reunião ocorre após Lira fazer críticas diretas à articulação arquitetada pelo governo junto aos congressistas da Câmara e depois de a Polícia Federal ter realizado uma operação relacionada ao superfaturamento de compras de kits de robóticos feitas com emendas parlamentares em municípios do Alagoas que afetam aliados de Lira.
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Assim sendo, a reunião realizada nesta segunda-feira, bem como os desdobramentos políticos das próximas semanas serão fundamentais para determinar como se dará a relação entre Planalto e Câmara de agora em diante.
Articulação
Sem maioria na Câmara, ao longo do primeiro semestre o governo vem dançando conforme a música de Arthur Lira, uma vez que o Poder Executivo tem cerca de 130 assentos favoráveis e vem tendo dificuldade em aprovar propostas que concretizam promessas de campanha de Lula. Para que a MP fosse votada de modo desidratado foi preciso a liberação de R$ 1,7 bilhão em emendas mais a promessa de nomear cargos para segundo e terceiro escalões paralisados na Casa Civil.
Lira desabafou na quarta-feira (31) sobre a falta de capacidade de articulação do governo dentro da Câmara. De acordo com ele, falta iniciativa governamental para angariar apoio entre os partidos, o que pode acabar comprometendo o resultado de votações. O presidente da Câmara alertou que não tem condições de assumir o papel de articulador no lugar da liderança do governo, visto que seus recursos nesse sentido estão se esgotando.
Mesmo com a presença de Alexandre Padilha, ministro de Relações Institucionais – refém de um processo de desgaste em que sua substituição é cogitada nos bastidores -, e Rui Costa, ministro da Casa Civil, como principais articuladores do governo entre os congressistas, a consequência será uma maior atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva junto às bancadas governistas para tentar, em um movimento arriscado, esvaziar as movimentações de Lira, que controla o Centrão.