Namoro, noivado, casamento… O presidente Jair Bolsonaro adora fazer metáforas com relacionamentos amorosos tanto quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gostava de fazer metáforas com futebol. No caso de Bolsonaro, porém, talvez esteja aí a chave da razão pela qual seus relacionamentos políticos duram pouco ou não se concretizam. Ele já está no seu terceiro casamento. Partidos políticos foram nove na vida do presidente que no momento ainda não tem legenda para disputar a reeleição no ano que vem.
As razões pelas quais os relacionamentos anteriores de Bolsonaro não deram certo é um problema íntimo dele. Vamos nos fixar nos seus problemas de relacionamento político mais recente. Pelas informações que se tem, eles estão relacionados a certo sentimento excessivo de posse na relação. Eleito presidente, Bolsonaro quer o comando integral dos partidos com quem namora, noiva, na maioria das vezes não casa, e quando se casou, caso do PSL, se separa. É essa exigência o que tem emperrado os relacionamentos.
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No caso dos flertes mais recentes do presidente, o problema para o PL e os demais partidos com quem ele conversou e tem conversado é que ninguém deseja dar a ele um cheque em branco em troca da filiação. Os que calculam dar apoio a ele, a essa altura do campeonato, calculam dar esse apoio, como diriam os italianos, “ma non tropo”, ou, em bom português, mas nem tanto.
A cada pesquisa eleitoral ou de popularidade que vem sendo divulgada, a vantagem de Lula sobre Bolsonaro ou cresce ou se mantém igual. E a popularidade do presidente cai. Ou seja, mesmo com a eleição polarizada, com os demais postulantes ao Palácio do Planalto bem mais atrás, Bolsonaro é hoje uma aposta de risco. Ele tem chance, mas a vantagem de Lula é evidente. E, no atual caminho da polarização, para os pragmáticos partidos brasileiros, especialmente aqueles do Centrão, manter a sua tradicional tática de ter um pezinho em cada canoa fica mais difícil.
No momento, as vantagens do apoio a Bolsonaro estão relacionadas ao fato de ele ser o presidente e ter a chave do cofre. Estamos falando de cargos e verbas do Orçamento. Mas o que os partidos não querem é que tal apoio vire um abraço de afogados. Especialmente quando os políticos focam seus próprios interesses regionais. Eles querem continuar na política, esteja ou não Bolsonaro nela depois de outubro de 2022.
PublicidadeOs problemas de Bolsonaro agora com o PL estão especialmente relacionados com isso. Em São Paulo, por exemplo, o partido faz parte do governo do arqui-inimigo João Doria. E quer apoiar a candidatura de seu vice ao governo, Rodrigo Garcia. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sinalizou que queria comandar o PL em São Paulo. Mas o comando do PL em São Paulo tem dono há muito tempo: é o próprio comandante do PL, Valdemar Costa Neto.
Quando Bolsonaro conversa com o PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), problemas semelhantes aparecem. No Piauí, por exemplo, o PP faz parte do governo do petista Wellington Dias. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, era da mesma chapa de Wellington nas eleições em 2018.
Bolsonaro não quer abrir tais brechas. Os partidos, então, resistem. O jogo de cintura do capitão – ainda mais adicionado ao jogo de cintura dos seus filhos – não é grande. E ainda temos na equação dinheiro do fundo partidário, indicação para candidaturas. Se a eleição de Bolsonaro em 2022 fosse um passeio, muito provavelmente nenhum desses problemas aconteceria. Mas ela não é…