O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) promoveu nesta sexta-feira (31) a terceira live da série Diálogos Democráticos. O debate sobre como incentivar os jovens a participarem mais ativamente da política teve a participação do filósofo, escritor e professor, Luiz Felipe Pondé, do músico Projota e da deputada Tabata Amaral (PDT-SP). O encontro foi mediado pelo presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso.
Na conversa, os convidados falaram sobre polarização política, cultura do cancelamento, um novo momento da sociedade com relação aos movimentos sociais e o espaço político inclusivo para os jovens.
Para Luís Roberto Barroso “a democracia contemporânea é feita de votos, razões e direitos. A democracia é constitucional. Os jovens podem e devem participar destes três planos”.
Tabata Amaral e Projota falaram sobre a relação conflituosa entre jovens da periferia e a política. Para eles, não há esforço político direcionado para essa população.
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“Na periferia a gente cresce distante e descrente da política. Minha experiência era um cabo eleitoral a cada dois anos para pintar o número do candidato em nosso muro. Cresci acreditando que a política não era para mim. Eu estudei em escola pública boa parte da minha vida e lá tampouco tive aulas de política. Na escola ninguém me disse o que eram os tribunais, os vereadores, senadores etc. é natural que a gente cresça longe dessa realidade. Os partidos estão longe da sociedade, a gente não fala isso na escola e nossa angústia uma hora nos faz entender que a política é o caminho”, disse a deputada.
Já o cantor apontou que além deste distanciamento, os jovens da periferia têm preocupações com suas carreiras e vidas que afastam ainda mais do debate público. “Vivemos em um momento confuso e se eu, com 34 anos, me sinto confuso, imagina para quem está ingressando hoje no mercado de trabalho. Há outras coisas para pensar e eles estão pensando na carreira. Têm outras ambições, a política é maçante a forma como ela é feita, não é nisso que o jovem quer pensar”, disse.
Publicidade“Agora ele quer sonhar e dai quando ele não consegue alcançar os sonhos ele entende que é por causa da política. Há barreiras que a sociedade cria. Acho que precisamos trazer o tema, especialmente na periferia, desde muito cedo”, defendeu.
Na visão de Pondé, o distanciamento do jovem com a política é um problema que ultrapassa a realidade do país. “Minha percepção é de que o problema de interesse pelo jovem na política não é só brasileiro. É marcada por uma descrença na representação, cansaço nos mecanismos representativos. Jovens preferem se associar a campanhas online, de costumes”, disse.
Barroso defendeu que apesar de a política ser cansativa, a realização de sonhos depende dela. “Uma das minhas crenças é a de que a história é uma direção contínua no sentido da evolução. Vamos andando na direção certa, ainda que não na velocidade desejada”.
Em maio, quando assumiu a presidência do TSE, Barroso afirmou que a agenda da gestão teria três pilares: a campanha pelo voto consciente, a batalha pela atração de jovens para a política e a luta pelo empoderamento feminino e mais espaço às mulheres nas gestões públicas.
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