Os cinco diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) relataram, nesta quinta-feira (29), que receberam ameaças de morte caso aprovem o uso de vacinas contra covid-19 em crianças entre cinco e onze anos de idade. As ameaças, recebidas por e-mail, foram confirmadas nesta sexta-feira (29) pela própria Anvisa, que não revelou o conteúdo das ameaças.
Atualmente, a vacina contra covid-19 da Pfizer é administrada em jovens entre 12 e 17 anos – e há pesquisas indicando que a vacina é segura e efetiva em jovens de menor idade. No início da semana, a Food and Drug Administration, equivalente norte-americana da Anvisa, recomendou o uso da vacina nesta faixa etária, o que deve ampliar a cobertura vacinal nos Estados Unidos. A expectativa é que a farmacêutica também peça a mesma autorização de uso no Brasil.
A ameaça recebida pelos diretores brasileiros também aponta que instituições de ensino no Paraná receberam o mesmo tipo de mensagem.
Ainda segundo a agência, autoridades policiais e o Ministério Público, nos âmbitos Federal, Estadual e Distrital foram acionadas para investigar o caso.
Leia também
No final da tarde, a Associação dos Servidores da Anvisa (Univisa) se manifestou contra as ameaças. Veja a íntegra:
É com repulsa e indignação que a Univisa conhece a ameaça sofrida pelos diretores da Anvisa. A tentativa de intimidação busca direcionar a decisão que o corpo dirigente da agência deve tomar acerca da autorização emergencial para o uso de vacinas contra a COVID-19, em crianças de 5 a 11 anos.
PublicidadeApesar de ser uma manifestação individual, tal fato preocupa por não poder ser tomado isoladamente. Trata-se de exemplo que demonstra o que ocorre quando a circulação de notícias falsas, o negacionismo científico e o discurso de ódio são levados às últimas consequências. Ao longo da história, quando o fanatismo e o extremismo são incentivados e encontram solo fértil nas sociedades, o resultado é sempre de terror e retrocesso.
A Univisa se solidariza com os diretores da Anvisa, repudia o acontecido, ao mesmo tempo em que reafirma seu compromisso com a verdade, com a ciência, com as boas-práticas regulatórias e com a defesa incansável das prerrogativas institucionais da Anvisa.