O título acima é aproveitado do livro “Anatomia de um desastre”, dos jornalistas Claudia Safale, João Borges e Ribamar Oliveira – os três oriundos da nossa Universidade de Brasília, a UnB.
“Exaltada, questionou as razões para as gordas cifras de cortes de despesas propostas por Mantega”. Quem questionou o então ministro da Fazenda, contam os autores, foi Dilma Rousseff, logo após a eleição. “Porque gastamos muito em 2010, respondeu o ministro”. “Para te eleger, presidente”, relata o livro.
Naquela época, a candidata do Partido dos Trabalhadores ainda possuía um pouco de pedetista, discípula que fora de Leonel Brizola, político escaldado e nacionalista, Dilma se calou.
Conhecida por ser seca nas relações pessoais, certa vez fui surpreendido ao vê-la caminhando na ciclovia da Península dos Ministros, onde residia. Estava acompanhada pelo então senador Gim Argello.
– Presidenta, esse é Paulo Castelo Branco, advogado e escritor, apresentou-me Gim.
– Escreve sobre o quê? Perguntou Dilma;
– ficção e política, respondi. – Quero ler! Fui até em casa e peguei meu romance “Maria – A vida toda” e “Vice-Versa”, coletânea dos meus artigos. Entreguei-lhe os exemplares, ela perguntou:
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Publicidade– Qual devo ler primeiro?
– No “Vice-Versa”, há artigos de ficção e realidade, onde critico os governos do seu partido. – Tudo bem, lerei no banheiro, sem um sorriso, respondeu. Fiquei sem saber se era uma precaução em relação a seus companheiros, ou sinal de que poderia jogar o exemplar na privada; ou vice-versa.
No segundo mandato, Dilma gastou muito mais e nos deixou no fundo do poço. Foi retirada do poder e sucedida por Michel Temer.
Temer, eficiente político e administrador, começou a colocar o País no rumo do desenvolvimento sob forte oposição dos antigos aliados. Atingido em cheio por delações, sofre hoje as agruras de ter sido vice de Dilma.
A fantástica vitória de Jair Bolsonaro, que se apresentou ao eleitor com discurso cheio de propostas de mudar tudo e afastar os políticos tradicionais, abriu caminho para novos tempos. Foi eleito e formou forte bancada de novos congressistas para auxiliá-lo na tarefa de exercer o mandato, priorizando a vontade do povo.
Bolsonaro atacou o Congresso Nacional e enviou medidas provisórias para implantar os rumos do seu governo. Convocou ilustres personagens para cargos importantes e convidou, para funções estratégicas, militares conhecidos pelo patriotismo e respeito à democracia e à Constituição Federal.
A reação do Parlamento foi péssima. Durante algum tempo os políticos ficaram paralisados pela força do voto popular.
Ao longo dos meses, as articulações fortaleceram os presidentes das duas casas políticas, causando reação às propostas do presidente. Reorganizados, infligiram derrotas ao governo.
Bolsonaro não sossegou; insistindo em alegar que faz o que o povo quer, o impasse se instalou, provocando a união do Senado e da Câmara no sentido de fazer sua própria pauta.
As discussões se prolongam e, se não for aprovada a reforma da previdência e outras tantas fundamentais para o país, poderemos viver outro desastre. Desta vez mais grave, pois é certo que a corrupção ficou estagnada, mas, a economia também. De quem será a culpa?
>>O cidadão sempre será grato a Moro. Ou: em terras estranhas, métodos estranhos