Além dos auditores, que já estão em greve desde segunda-feira (27), os analistas da Receita Federal também se preparam para cruzar os braços. A medida responde ao congelamento de salários previsto no Orçamento de 2022, bem como ao corte de metade da verba destinada ao órgão.
Na próxima semana, servidores da categoria vão decidir em assembleia sobre a aprovação de indicativos de greve semelhantes aos já aprovados pelos auditores.
De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita (Sindireceita), Geraldo Seixas, o congelamento dos salários em 2022 não representa apenas a desvalorização da classe, mas o descumprimento de um acordo com o governo.
“Não estamos tratando de uma nova negociação salarial. Temos um acordo de reajustes feito em 2016. Esse compromisso foi assumido pelo ministro Paulo Guedes, mas até agora o que escutamos são as falas dele de que não deve haver aumento a ninguém”, relatou.
Além disso, o sindicato teme os impactos provocados pelo corte na verba da Receita Federal no próximo ano.
“Isso pode ter um grande impacto no sistema de segurança da infraestrutura tecnológica. (…) O grande risco é termos uma base de dados até mesmo invadida por hackers, e isso traria um prejuízo inestimável. Trata-se da base mais confiável e mais utilizada no meio da administração pública”.
Em resposta ao congelamento de salários e ao corte institucional, os analistas se juntaram aos auditores da Receita na entrega de cargos de chefia e funções de confiança. A partir do dia 3 de janeiro serão votados os indicativos de greve, com pauta similar à apresentada pelos auditores.
“É um episódio inédito. Até alguns anos atrás, era inimaginável uma união entre analistas e auditores em defesa da Receita Federal”, ressaltou Geraldo Seixas.
Os indicativos de greve do Sindireceita, porém, avançam em relação aos estabelecidos pelos auditores. Ambos prevêem a realização de operação-padrão (ou operação tartaruga) nas alfândegas de portos e aeroportos.
Os analistas, porém, abriram na pauta a possibilidade de aprovação de um indicativo em que tal operação também se aplica sobre a análise da bagagem de viajantes entrando no Brasil, e não apenas a inspeção de transporte de cargas como estabelecido entre auditores.
O Sindireceita é o quarto sindicato a iniciar os preparativos para greve após a aprovação do Orçamento de 2022. O primeiro a se movimentar foi o Sindifisco, com greve já deflagrada. A possibilidade também é debatida no Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central e na Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social.
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