O líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), considera gravíssima a revelação de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) compartilhou um vídeo, pelo Whatsapp, que convoca a sociedade para um ato contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo dia 15. Para Molon, o caso pode configurar crime de responsabilidade. Ainda assim, segundo ele, não é o momento para se discutir um eventual pedido de impeachment de Bolsonaro.
O deputado defende que o Congresso se reúna para reagir, de maneira suprapartidária, aos ataques do presidente. Molon pediu aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que estão em viagem, que convoquem uma reunião com os líderes partidários. Ele aguarda uma resposta de Maia e Davi para esta quarta-feira (25). Caso a sugestão seja aceita, o encontro só deverá ocorrer na próxima semana, quando ambos estarão de volta a Brasília.
Para o líder da oposição na Câmara, o gesto de Bolsonaro contra o Congresso deve trazer complicações que vão além da pauta legislativa.
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Ataque reiterado
“É muito grave o que aconteceu. Não é primeira vez. O comportamento reiterado de ataque às instituições democráticas, se comprovado, é crime de responsabilidade. É preciso que o Congresso se reúna, por meio de seus líderes, e decida quais medidas tomar. É uma questão que não se limita à oposição, mas afeta todas as forças democráticas do país, quem tem compromisso com a democracia”, disse Molon ao Congresso em Foco. “Se ela escalada autoritária não for interrompida agora, poderá ser tarde demais. Precisamos fazer algo imediatamente. Precisamos avaliar esse cenário com cautela e prudência”, acrescentou.
Para o deputado, um eventual pedido de impeachment precisa ter respaldo das forças democráticas da sociedade civil. “Ainda é cedo. Não pode ser fruto de um ato voluntarista, de iniciativa isolada ou campo político da oposição. É uma conclusão das forças democráticas do país, da sociedade, do Congresso. É cedo para falar qual medida deve ser tomada. Seria precipitado anunciar qualquer medida. É preciso reunir forças do Congresso, comprovar a veracidade dessa denúncia”, declarou. Na avaliação dele, é preciso avaliar juridicamente quais medidas o caso ensejaria.
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Bolsonaro, em nenhum momento, desmentiu a colunista Vera Magalhães, que deu a informação sobre o compartilhamento do vídeo em primeira mão ontem à noite. Pelo Twitter, disse que usa o Whatsapp também para enviar mensagens de “cunho pessoal” para dezenas de amigos.
Tenho 35Mi de seguidores em minhas mídias sociais, c/ notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. No Whatsapp, algumas dezenas de amigos onde trocamos mensagens de cunho pessoal. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 26, 2020
A atitude do presidente de apoiar manifestações contra o Legislativo foi rechaçada por diversas lideranças políticas desde que a informação veio a público.
Além de congressistas, ex-presidentes e o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, condenaram a atitude do presidente.
Para o ministro, o ato de Bolsonaro revela “a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de Poderes, que demonstra uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce e cujo ato de inequívoca hostilidade aos demais Poderes da República traduz gesto de ominoso desapreço e de inaceitável degradação do princípio democrático!!!”. A manifestação foi feita por meio de um texto enviado ao jornal Folha de S.Paulo.
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Nas mensagens enviadas, o presidente manda um vídeo de forte apelo emocional em que é apresentado como uma espécie de salvador da pátria. Com o Hino Nacional ao fundo, o vídeo apresenta imagens do presidente sendo esfaqueado, intercaladas por frases de culto a sua personalidade.
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