Depois de um racha público em torno da votação da reforma tributária na última quinta-feira (6) na Câmara dos Deputados, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, decidiu liberar o voto dos parlamentares em temas ligados às questões tributárias. Em uma carta divulgada aos integrantes do partido nesta terça-feira (11), o presidente nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto, afirmou que os parlamentares da legenda só votarão unidos em pautas referentes aos temas conservadores.
“Se entrar em pauta algum projeto que fere a nossa liberdade, que fere os valores da família, da fé cristã, do agro, da criança e em favor das drogas, a nossa bancada inteira estará unida e invariavelmente votará contra. Por outro lado, se entrarem pautas boas para a economia, de gestão governamental como arcabouços, reforma tributária e que refletem em questões regionais, cada um precisa votar no que for melhor para o povo o elegeu”, disse o presidente da legenda.
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Na última semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro empenhou esforços em impedir que seu partido, o PL, votasse favorável ao texto. Seu argumento era o de que se tratava de uma PEC de interesse apenas do governo, e que concentraria poderes na União. Sua posição preponderou na orientação da bancada, que se posicionou contrária à reforma. Mesmo com a orientação contrária, dos 99 parlamentares do PL, 20 decidiram apoiar a reforma tributária, contrariando a vontade de Bolsonaro.
“Muitos parlamentares foram eleitos com apoio de prefeitos e vereadores e precisam levar benefícios para suas regiões e
seu povo. E se, para isso, precisarem votar com o governo em pautas específicas, que façam”, defendeu Costa Neto, que complementou:
“É preciso, também, respeitar a liberdade de opinião de nossos parlamentares nas redes sociais e em seus discursos. Usar
os órgãos do Estado para intimidar nossos deputados e senadores é contra a democracia. É preciso que todos os Poderes
se respeitem e não ultrapassem os limites estabelecidos pela Constituição”.
Valdemar da Costa Neto ainda usou a carta para minimizar desconfortos em torno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o ex-presidente Jair Bolsonaro , que entraram em divergência na reunião da bancada do PL para tratar da reforma tributária. Apesar de concordarem em tentar adiar a data da votação, Tarcísio foi interrompido ao tentar explicar o motivo pelo qual os partidos de direita deveriam abrir mão do esforço de impedir a aprovação.
“O Tarcísio é de direita e conservador e tem a obrigação de fazer o que é melhor para o estado de São Paulo. É para isso que
ele foi eleito. O presidente Bolsonaro sempre foi de direita e ainda assim passou por outros partidos, da mesma forma de muitos da
nossa bancada. E, sim, é natural que tenhamos divergências em algumas pautas específicas. Isso é democracia. Mas foi
nas pautas conservadoras que todos nós nos unimos”, disse Valdemar.
Leia a íntegra da carta
Aos parlamentares do Partido Liberal
Tenho um grande orgulho da qualidade e da combatividade dos nossos parlamentares. O PL não somente elegeu a maior
bancada do Congresso Nacional, como também é dono da bancada mais aguerrida e mais qualificada. Por isso, nossos
embates são sempre acalorados e de muita qualidade, mas, às vezes, podem dar margem para quem quer confundir
nossos próprios eleitores.
E, para que não fique dúvida, somos um partido de oposição. E seguiremos unidos nas pautas conservadoras que a direita
sempre defende. Ou seja, se entrar em pauta algum projeto que fere a nossa liberdade, que fere os valores da família, da
fé cristã, do agro, da criança e em favor das drogas, a nossa bancada inteira estará unida e invariavelmente votará contra.
Por outro lado, se entrarem pautas boas para a economia, de gestão governamental como arcabouços, reforma tributária
e que refletem em questões regionais, cada um precisa votar no que for melhor para o povo o elegeu.
Ser bolsonarista e ser de direita é sempre escolher o melhor para o nosso povo.
Se o atual governo apresentar uma pauta boa para o país, esse presidente que está aí não precisa gastar orçamento pra
ter o nosso voto, pois todos seremos a favor. Da mesma forma que, se uma determinada região precisar de uma emenda
parlamentar, de uma obra, de um programa social, é correto que esse parlamentar cuide do seu povo e melhore a quali-
dade de vida de quem o elegeu.
Muitos parlamentares foram eleitos com apoio de prefeitos e vereadores e precisam levar benefícios para suas regiões e
seu povo. E se, para isso, precisarem votar com o governo em pautas específicas, que façam.
É preciso, também, respeitar a liberdade de opinião de nossos parlamentares nas redes sociais e em seus discursos. Usar
os órgãos do Estado para intimidar nossos deputados e senadores é contra a democracia. É preciso que todos os Poderes
se respeitem e não ultrapassem os limites estabelecidos pela Constituição.
O Tarcísio é de direita e conservador e tem a obrigação de fazer o que é melhor para o estado de São Paulo. É para isso que
ele foi eleito.
O presidente Bolsonaro sempre foi de direita e ainda assim passou por outros partidos, da mesma forma de muitos da
nossa bancada. E, sim, é natural que tenhamos divergências em algumas pautas específicas. Isso é democracia. Mas foi
nas pautas conservadoras que todos nós nos unimos.
Quero finalizar dizendo que vamos seguir buscando o equilíbrio e compreendendo as divergências, pois a grande força do
nosso partido está nas pautas que nos unem. Sempre estaremos unidos na defesa incondicional dos valores que nosso
presidente Bolsonaro fez renascer em nossos corações. O orgulho da nossa pátria, de nossa família, das crianças, da fé
cristã, do agro, da Liberdade e os valores gerais do conservadorismo.
O povo brasileiro fez do PL o maior partido do Brasil, e é por ele que seguiremos trabalhando.
Valdemar Neto
Presidente Nacional do Partido Liberal