Em webinar do portal Jota nesta quinta-feira (24), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), comentou, nesta quinta-feira (24), as denúncias que o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, servidor do Ministério da Saúde, fizeram na última quarta (23) de que o presidente Jair Bolsonaro teria sido avisado em março sobre irregularidades nas compras da vacina indiana Covaxin.
Em sua denúncia, o deputado Miranda também alegou ter consultado Lira antes de revelar sua ida ao Palácio do Planalto para comunicar o presidente das irregularidades. Na entrevista ao Jota, o presidente da Câmara, aliado de Bolsonaro, confirmou que tomou conhecimento dos fatos por meio do deputado e que o orientou a trazê-los a público “se tivesse algo errado”. Porém, disse também que “todo ato tem consequências” e que parlamentares devem ter “muita coerência no que falam”.
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“Ele disse que sabia tudo sobre o caso, e eu falei para ele: ‘se você sabe, e se tiver algo errado, se tiver base de fundamento, denuncie, traga a público’. Quem tiver feito algo de errado, está pego, vai pagar. Mas todo ato tem consequência, parlamentar tem que saber que sua voz é uma voz de representação popular, ele tem que ter muita coerência no que fala porque não tenho duvidas que isso causou ontem muito barulho”, afirmou Lira. “A CPI vai querer ouvi-lo, e ele vai ter que se explicar pros órgãos de controle”.
Lira também disse que a Câmara provavelmente não tomará “providências” quanto ao parlamentar, pois a Casa não teria “poder” para isso. “A não ser que alguma comissão o chame, como a Comissão de Fiscalização e Controle. Mas o caminho normal é a instalação de inquérito na PF, com todas as provas que ele possa ter”, acrescentou.
Questionado se as denúncias sobre possíveis irregularidades no contrato firmado pelo governo federal para a compra da Covaxin poderiam influenciar na decisão dele de pautar pedidos de impeachment contra Bolsonaro, o presidente da Câmara manteve a mesma posição que vem demonstrando, fez novas críticas à CPI da Covid e repetiu que ainda não há “condições políticas” para a abertura de um processo de afastamento.
“Estamos no meio da guerra. Como você vai investigar crimes de guerra com a guerra em curso?”, questionou o presidente da Câmara. “Quem cometeu seus erros [na condução da pandemia] vai pagar, quem fez errado já está pego, os rastros não são apagados”, alegou.
“Impeachment é um ato político grave, útil e de medida extrema, é feito por condições jurídicas, políticas e econômicas”, acrescentou Arthur Lira. Ele reforçou ainda “há um crescimento da Economia” em andamento, e que ainda “não há mobilização ostensiva nas ruas [contra Bolsonaro], e sim uma briga política com movimentos dos dois lados”. “O presidente da Câmara tem que funcionar de maneira imparcial, não é o presidente da Câmara que vai ‘instabilizar’ o Brasil nesse momento”.
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