A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), Eliziane Gama (PSD-MA), apontou nesta quinta-feira (24) uma série de movimentações financeiras e bancárias do sargento Luis Marcos dos Reis consideradas por ela como incompatíveis com o salário do militar, auxiliar do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid. A senadora ventilou ao depoente a possibilidade de delação premiada e afirmou que a quebra do sigilo do militar por parte da CPMI é necessária para entender as movimentações, que se revelam confusas e com indícios de ramificações ilegais.
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De acordo com a senadora, um Relatório de Inteligência Financeira (RIF) cedido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) registrou movimentação de superior a R$ 3 milhões, sendo que os recebimentos do sargento correspondem a pouco mais de R$ 238 mil entre 1º de fevereiro de 2022 a 20 de janeiro de 2023.
Emaranhado
A relatora elencou uma série de movimentações bancárias da conta de dos Reis. Entre elas, Eliziane citou o recebimento de dois depósitos (R$ 18,140 e R$ 31,160) vindos de Vanderlei Cardoso de Barros, proprietário da madeireira Cedro do Líbano, investigada pela Polícia Federal. Vanderlei transferiu por meio da Cedro do Líbado mais de R$ 74 mil ao sargento.
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Segundo a senadora, a empresa tem capital declarado de R$ 15 mil, mas movimentou mais de R$ 32 milhões entre 2022 e 2023, algo discrepante com o porte e estrutura da empresa. A empresa realizou convênio com o governo federal da gestão passada por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) para venda de equipamentos agrícolas.
Eliziane trouxe à tona a venda de um veículo que dos Reis realizou por meio de procuração para Mauro Cid. Ele vendeu um Yalis no valor de R$ 72,738 mil para uma professora no site OLX. Depois, dos Reis gastou quase R$ 12 mil para consertar o veículo a pedido de Cid. Há registros de movimentações de R$ 105 mil entre dos Reis e um sobrinho de sua cunhada e participação em um círculo de empréstimos que o sargento chamou de “consórcio”.
A senadora também citou 11 transações feitas por TED e Doc no valor de R$ 550 mil feitas entre outubro, novembro e dezembro de 2022. Eliziane questionou se dos Reis conhecia o joalheiro Heitor Garcia dos Santos, que fez transações superiores a R$ 25 mil com Mauro Cid e Adriano Alvez, ajudantes da presidência. Em resposta, o militar deu explicações confusas e em vários momentos preferiu não citar nomes de envolvidos nas transações.
“No entorno da Ajudância de Ordens você vê uma série de movimentações absolutamente estranhas e atípicas. Esses integrantes faziam movimentações de posse do cartão corporativo do presidente. Esse emaranhado de transações financeiras exige explicação porque pode haver relação com o dinheiro que irrigou o 8 de janeiro”, declarou a relatora.
8 de janeiro
O sargento também enviou uma série de imagens ao empresário Vanderlei datadas do dia 8 de janeiro de 2023. Luis Marcos dos Reis admitiu que esteve no quebra-quebra, chegou a subir a rampa do Congresso, e registrou com fotos e filmagens a partir das 16h e permaneceu cerca de 40 minutos no local. O militar se disse arrependido de ter comparecido às manifestações bolsonaristas.