Angelo Coronel *
Ao eleger 46 novos membros para o Senado, o eleitor deixou claro seu desejo de renovação na política, com um basta às velhas práticas de poder. A nós, especialmente senadores de primeiro mandato e frutos desse desejo de mudança, cabe concretizar essa renovação.
No Senado, novos tempos significam também uma volta ao bom passado desta Casa, às posturas que lhe são tradicionais no bem da população e que por mesquinhez da politicagem se perderam no tempo.
O Senado precisa recuperar duas coisas: sua independência em relação ao Executivo e seu protagonismo na vida nacional. A segunda reconquista será automaticamente fruto da primeira. Mecanismos legislativos podem ajudar na retomada do poder da Câmara Alta.
Estou colhendo assinaturas de deputados e de meus pares no Senado para apresentar projeto de resolução do Congresso Nacional criando o Ministério Paralelo. Em países do primeiro mundo ele funciona (e muito bem) com o nome de Gabinete Sombra. O maior exemplo é o Reino Unido, em que o partido da oposição forma uma espécie de “governo alternativo”. Nossa ideia, no entanto, é um pouco diferente.
A proposta é que tenhamos no Congresso Nacional um corpo parlamentar que corresponda às 22 pastas do Executivo, ou seja, em cada ministério paralelo haverá um deputado ou senador com notório conhecimento na área encarregado de debater com o ministro oficial. Podem ser escolhidos dentro das comissões, observando-se a proporcionalidade partidária. Gente gabaritada, tanto na Câmara quanto no Senado, é o que não nos falta. O Ministério Paralelo funcionará com os servidores de carreira das duas casas. Em hipótese alguma haverá elevação de gastos.
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Ministério Paralelo não é oposição. É independência legislativa, cujo objetivo é discutir com o Executivo suas propostas aos olhos da sociedade, aprimorá-las e aprovar o que for bom para o país; rejeitar o que não lhe servir.
Assim o Senado voltará a ser protagonista da vida nacional, comprometido unicamente com o que for de interesse do país.
* Angelo Coronel é senador de 1º mandato, eleito pelo PSD-BA com quase 4 milhões de votos. Com 30 anos de vidas pública, já foi prefeito e seis vezes deputado estadual. No último, foi eleito presidente da Assembleia Legislativa do Estado. sen.angelocoronel@senado.leg.br