A deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) entregou nesta quarta-feira (27) uma cópia do relatório da CPI da Covid a autoridades da Organização das Nações Unidas, em Genebra, na Suíça. O relatório, aprovado nessa terça no Senado, pede o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro e de outros 79 nomes. São imputados a Bolsonaro a prática de nove crimes. Entre eles, crime contra a humanidade.
“Preciso ressaltar que houve uma tese com consequências terríveis ao nosso povo, de que seria possível atingir uma ‘imunidade de rebanho’ às custas de milhares de vidas. Tivemos episódios escandalosos na gestão da pandemia. Fomos o único país do mundo que trocou de ministro da Saúde três vezes durante uma crise tão grave”, disse a deputada.
Participaram da reunião a responsável a responsável pela América Latina no Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, Alicia Londono Amaya e a responsável pelo Brasil no órgão, Isabelle Heyer.
Fernanda disse que os crimes listados pela CPI lembram os piores episódios da história do mundo e precisam de responsabilização em âmbito internacional.
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“A CPI mostrou que há um gabinete do ódio no governo, responsável por distribuir mentiras, que atacaram a saúde do povo e gerou situações grotescas, como a abertura de caixões de pessoas infectadas, pela população que, desesperada, foi incitada a crer que a doença era uma invenção e que as mortes não eram reais. Os crimes que são descritos pela CPI nos lembram os piores episódios da história do mundo e precisam de responsabilização em âmbito internacional”, afirmou Fernanda.
A responsável pela América Latina no Alto Comissariado da ONU, Alicia Londono Amaya, afirmou que está preocupada e atenta com os rumos das investigações no Brasil e sugeriu que a deputada brasileira registrasse a entrega do relatório da CPI por correspondência também à alta comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet.
Fernanda reclamou que, depois da reunião, teve o direito à fala vetado pelo Grupo de Trabalho da ONU, na plenária do Conselho de Direitos Humanos. A deputada disse que pretendia denunciar publicamente o governo brasileiro e expor detalhes do relatório da CPI. Mas foi surpreendida com a informação de que estava registrada em nome de uma entidade não credenciada. Segundo ela, um e-mail enviado pelo colegiado informava que parlamentares poderiam discursar como cortesia.
Por meio de sua assessoria, a deputada afirmou que teme que a negativa seja um resultado do lobby da delegação brasileira em Genebra, que em 2019 tentou impedir que ela terminasse o discurso no qual ela denunciava o governo. Na ocasião, diplomatas do Itamaraty chegaram a bater na mesa com a placa de identificação do país para chamar atenção da presidência.
Integrantes da CPI da Covid entregaram cópia do relatório da comissão ao procurador-geral da República, Augusto Aras. A previsão é que o texto seja entregue logo mais ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Deputada do Psol entregará relatório da CPI à ONU